Iniciando objetivamente o estudo das energias criativas e o plano metodológico para conhecê-las, pela Árvore da Vida, precisamos definir alguns princípios nos quais esse modelo está baseado e retira os meios para sua sustentação. A religião judaica não é dogmática, isto é, não parte de pressuposições de onde não se pode obter explicações. Talvez explicações que a mente não possa processar de imediato, mas as bases são sólidas. A história do povo judeu, seu inicio, um povo adotado por D´us, tornar-se o povo da Bíblia, uma terra prometida por D´us, tudo é história documentada. Esse argumento é defendido por Yehuda HaLevi em seu livro O Cuzari. Milhões de pessoas testemunharam a subida de Moises ao Monte Sinai. Falar em hipnose coletiva é absurdo. Maimônides sintetizou a fé judaica em 13 princípios. Entre esses princípios estão mencionados: amarás a D´us acima de todas as coisas, D´us é único, a Torá foi dada ao povo judeu pelas mãos de D´us. Até hoje, em tudo que é escrito sobre qualquer coisa que se refira à religião judaica é retirado da Torá. Interpretações, analogias, implicações lógicas, mas tudo é retirado do texto da Torá. Por exemplo, um assunto que vai ser abordado nesse estudo, a astrologia cabalista. Cada signo, planeta, interpretação, foram retirados do texto sagrado. Os doze signos foram interpretados pelos cabalistas a partir dos estudos da Torá. Os doze signos são relacionados aos doze filhos de Jacó. Atribuiu-se a cada signo a ordem cronológica do nascimento de cada filho de Jacó. Na seqüência das constelações zodiacais, que é marcado pelo percurso que o sol realiza pelo céu, visto da Terra, atribuíram-se as características de cada um dos doze filhos de Jacó aos signos zodiacais cósmicos. Para extrair as características básicas de cada signo, os cabalistas se basearam em dois trechos da Torá. O primeiro aquele onde Jacó, em seu leito de morte, passa a abençoar cada um de seus filhos (Gênesis, capítulo 49, versículos de 1 a 27). O segundo trecho é aquele em que Moisés, também pouco antes de morrer, profere sua benção a cada uma das tribos de Israel, originadas pelos filhos de Jacó, que se encontra no livro de Deuteronômio, capítulo 33.
Quais as ferramentas utilizadas para analisar as energias criativas de Ein Sof (a energia da força de D´us) e seus efeitos sobre nós? Iremos enumerar todos os processos de análise da Árvore da Vida:
1) A separação em Sefirot, dez esferas de fluxos de energias, para compreender o todo da energia de D´us. Cada Sefirá tem intrínseco em si uma qualidade da energia de D´us.
2) Caminhos que interligam as Sefirot. Em primeiro os caminhos que interligam diretamente as Sefirot da coluna da direita (energias ativas) da coluna da esquerda (energias passivas, ou de retenção). Esses caminhos são representados e qualificados pelos quatro elementos da criação: água, terra, água e fogo. Os demais caminhos são representados pelas constelações, ou seja, pelos signos cabalísticos.
3) Cada um dos 22 caminhos estão associados às 22 letras do alfabeto hebraico, a Lashon HáKodesh. Cada letra tem um significado, uma explicação de seu formato e uma simbologia própria para dar mais conceitos de entendimento sobre os caminhos.
4) Cada Sefirá está relacionado a um planeta do sistema solar, são dez planetas distribuídos pelas dez Sefirot, colocados conforme sua distancia da Terra.
5) A Árvore da Vida está segmentada em fluxos de energia. Fluxo Mental, Fluxo Emocional Interiorizado, Fluxo Mental Exteriorizado e o Fluxo das Sensações Físicas. Em cada fluxo estão distribuídas as Sefirot.
6) Em cada fluxo descrito na Árvore da Vida, configura-se um processo que caracteriza a Criação. A criação de um espaço, um vazio para conter a energia da criação, a construção das energias divinas em recipientes de luz e a necessidade de elevar espiritualmente as centelhas derivadas da quebra dos recipientes. Assim, cada fluxo de energia está composto por três Sefirot. A primeira que abre espaço para receber a energia, a segunda para a contração da energia recebida e a terceira para o equilíbrio energético das forças divinas. Por exemplo: o fluxo das energias mentais contém três Sefirot. Chochmá, Biná e Daat. Chochmá é o receptor das energias da sabedoria de Ein Sof, é uma Sefirá que se tem o atributo da recepção das idéias, criatividades, imaginação, uma expansão da consciência para coisas novas, novas tecnologias, novos conhecimentos, mas excessivamente aberta para a dispersão. Os pensamentos não têm uma ordem, uma seqüência lógica. É um receber contínuo e quase que embaralhador, de tanto fluxo pensante jorrando. Biná, a Sefirá da contração ligada a Chochmá, restringe esse fluxo contínuo, como o desaguar de uma cachoeira, para direcioná-lo pelas margens de rio. Com limites e objetos. É o entendimento do fluxo pensante de Chochmá. Assim, a contratação de uma Sefirá é na verdade o disciplinar da energia de expansiva do receber. Existem os pólos do receber e da contração. È necessário um mecanismo equilibrador desses opostos, ou seja, ativar um ou ativar outro, abrir mais a torneira de um e fechar mais a torneira de outro. Entra em ação a terceira Sefirá, Daat, que equilibra os dois fluxos, junta as duas Sefirot e faz a conexão com o fluxo emocional. A partir daí o mundo das idéias é interiorizado. O Fluxo Mental, com as três Sefirot, Chochmá, Biná e Daat, são objeto de estudo do presente capitulo. Chochmá terá um embasamento filosófico da obra de Immanuel Kant sobre o processo cognitivo do pensamento, Biná terá uma explicação do modelo de Piaget sobre a epistemologia Genética, abordando os esquemas mentais, e Biná a obra de Shopenhauer sobre a Vontade como Representação. Não nos furtaremos a abordar as Sefirot pelas energias puras da divindade, expondo os princípios de suas atividades, apenas usaremos os modelos filosóficos e psicológicos para dar um sentido mais próximo de nossa realidade humana.
7) Outra ferramenta da Árvore da Vida é a meditação sobre os aspectos de cadaêparte da Árvore. O objetivo de integrar e separar as energias da criação para o conhecimento e elevação espiritual é a expansão da consciência. Teremos a proposição de exercícios meditativos para treinar a mente a se expandir conscientemente. Esses exercícios meditativos é o centro da atividade cabalista, que dota de recursos o corpo físico para acessar o mundo espiritual.
Entraremos agora, com o próximo capítulo no mundo das energias divinas da criação. Vamos nos preparar para lidar com energias sutis e abrir a mente para esquecer um pouco o mundo físico e penetrar no mundo espiritual. Tentaremos ao máximo dotar os conceitos com explicações filosóficas antes de adentrar o mundo do imperceptível. Convido a todos a deixar seus preconceitos, suas idéias pré-concebidas para devastar caminhos novos pela mata do intangível, do impalpável, da energia pensante pura, e como diria Balzac, pelas Ilusões Perdidas. Que Baruch HaShem nos guie pelos caminhos de seus ensinamentos, pelos caminhos do entendimento conforme as escrituras, que não nos desviemos de suas verdades e que nos abençoe com sua sabedoria infinita. Amém.
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