quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Capítulo 2 - C : A Sefirá de Biná

Fluxo Mental - Chuchmá, Biná e Daat
Estudamos até aqui a Sefirá de Chochmá. Vamos iniciar o estudo da segunda Sefirá do Fluxo Mental que é a Sefirá de Biná, é a esfera em marrom na figura. A Sefirá de Daat vai completar o Fluxo da Mente, então teremos material para um estudo dinâmico das energias desse fluxo. Por enquanto estamos conceituando, entendo o significado e atribuindo algumas meditações para a compreensão isolada de cada Sefrirá.
Uma pesquisa conclui que o ser humano tem em média cem mil pensamentos por dia. Porém, 95% desses pensamentos são repetitivos. Isso quer disser que de toda atividade mental, apenas 5% está constituído por novos pensamentos, ou modificação de pensamentos. Estamos constantemente repetindo pensamentos como se fosse uma mensagem subliminar, uma repetição de padrões que de alguma forma acabam sendo absorvidos como verdadeiros. Esses pensamentos se não passarem pelo crivo do entendimento, de um filtro selecionador, acabamos por nos convencer a nós mesmos de pensamentos aleatórios, erroneamente racionalizados. A função das energias do Fluxo Mental de Biná é de selecionar os pensamentos dispersos capturados pela Chochmá e direcioná-los para uma realidade consciente. A chave para criar mudanças está em, primeiramente, reconhecer este mecanismo energético da alma, que se constituem em hábitos não conscientes da mente. A função da Sefirá de Biná é de capturar a centelha criativa da interpretação (Chochmá) e redirecioná-la segundo uma nova maneira de pensar. Isso pode ser feito de maneira consciente através das ferramentas que estamos utilizando: expansão da consciência através da meditação. A simples conscientização desse processo não vai modificar o hábito arraigado que temos de fazer da mente um repetidor de mensagens. Daí já termos ouvido que utilizamos apenas 5% da capacidade de nosso cérebro. É como deixar uma luz ligada durante o dia inteiro e a noite inteira para lermos durante 1 hora antes de dormir. Gasto desnecessário de energia, má utilização do potencial, criação de hábitos danosos à saúde e desperdício de um grande potencial que poderia ser utilizado de forma criativa. O processo de modificação desses hábitos nocivos, reações involuntárias, de erros repetitivos e reincidentes, por causa da inflexibilidade da mente, requer o nosso envolvimento consciente no processamento da criatividade da Chochmá para o fluxo de entendimento direcionado do fluxo da Biná. Se a Chochmá é o processo pelo qual extraímos de uma fonte inesgotável inspirações e criatividade mental, a Biná é o meio pelo qual aquela centelha de inspiração se transforma em uma coerente seqüência lógica de idéias coerente com a realidade interna de nossa razão. A Chochmá pescou aquele "peixe" e a Biná irá dar uma utilidade para ele, ou como alimento, ou devolvendo ao lago se é uma atividade que não vai atender a alimentação. Quando se aprende a processar os “estálos” de consciencia (quando me referi a um livro, A Estratégia de Napoleão), esse clarão de consciencia involuntária torna-se poderosa matéria prima para raciocínios inovadores, idéias revolucionárias, entendimentos profundos, fontes de inspiração para atividades práticas. Não é raro nos sentirmos confusos, com a sensação de não passar nada pela mente, ou de não conseguirmos um raciocínio que chegue a algum ponto elucidativo. É o resultado de deixarmos que a totalidade do fluxo mental concentre-se nas energias de Chochmá. Não há canalização do processo criativo. É como numa fábrica de macarrão, quando a máquina que produz o macarrão está em pleno vapor e a máquina de embalar para de funcionar. Cria-se uma grande bagunça e o macarrão não pode seguir o curso normal de distribuição. Os resultados da conscientização e percepção do papel de Biná provocam um equilíbrio no fluxo mental. Ameniza-se a raiva provocada pelos pensamentos não direcionados, a angústia, a depressão, a sensação de estar numa confusão mental. A Cabala trata desse assunto no Zohar de uma forma simbólica, que aflora a imaginação para perceber a capacidade desse processo de intervir na nossa vida do dia-a-dia. O Zoahar estabelece que a Chochmá deposita suas sementes no ventre da Biná, engravidando-a. Esta união cria uma concepção energética, um trabalho de parto fluídico, e finalmente o nascimento de sete filhos, as sete Sefirot da Emoção, nos Fluxos das Emoções Interiorizadas e do Fluxo das Emoções Externalizadas. Essa idéia seminal da concepção transforma-se num processo interminável de usa seqüências de pensamentos amadurecidos pela análise, racionalizados pela construção mental e ordenados de forma lógica.
A utilização da astrologia cabalística vai individualizar esse mecanismo, ou seja, vai atribuir a cada um de nós a maneira de como esse processo acontece conosco. Através da análise do equilíbrio dos quatro elementos, terra, ar, fogo e água, caracterizando os planetas e suas posições no momento de nosso nascimento, é caracterizado como fomos Criados através das energias de D´us e como se agruparam para nossa formação. Podemos ter maior energia concentrada em Chochmá que em Biná, podemos ter um equilíbrio de energias, podemos ter falta de energias de Chochmá. A astrologia cabalística vai apontar qual o estado energético de todas as Sefirot na constituição da nossa personalidade e processo de lidar com essas energias.
Conforme mencionado no início de nosso estudo, são quatro os princípios em que a Cabala se baseia para que possamos utilizar as forças energéticas da Criação: Emuná, Ratzon, Avodá e Oneg, ou seja, primeiro recebemos de D´us a capacidade de mudar a nossa natureza, segundo, a nossa vontade é o impulsionador dessa mudança, terceiro, a introspecção (meditação) é a ferramenta para absorver profundamente a maneira de como efetuar a mudança, e por último, para manter a energia para a mudança, valorizamos cada passo em direção ao sucesso. Outra pesquisa científica foi realizada para medir a atividade mental. Aparelhos de ressonância magnética foram utilizados para captar a atividade cerebral na realização de processos repetitivos. O resultado foi a verificação de uma multiplicação das conexões neurais em determinadas áreas do cérebro onde se verificou ser o centro de comando responsável por aquela atividade. Isso significa que se a meditação disciplinada na utilização dos processos de Chochmá e Biná de forma consciente, e nas restantes Sefirot como se verá, isso vai resultar em mudanças fisiológicas e químicas na atividade cerebral de forma a "treinar" o cérebro e a mente a aperfeiçoar esse processo bioquímico e o fluxo das energias.
Uma capacidade do cérebro pode ser desenvolvida voluntariamente com a compreensão e exercitação dos mecanismos de Chochmá e Biná, e mais fortemente, com a próxima Sefirá que estudaremos, Daat. Essa capacidade é designada pelos cientistas de Sinestesia. A capacidade que pessoas possuem de desenvolver raciocínios ou mecanismos mentais com uma velocidade muito além do normal. Por exemplo, crianças que conseguem fazer cálculos complexos em frações de segundos. Já vimos apresentações disso na televisão. Crianças fazendo divisões entre dois números na casa de milhões. Como isso é possível? É um recurso que a mente utiliza para transformar pensamentos em visualizações. A criança em questão não enxerga o número como algarismos numéricos, mas sim como imagens. Se pedirmos para dividir 250.345.645 por 345.250, o processo mental vai ser: transformar o primeiro número em alguma coisa nessa quantidade, por exemplo, aquele número de 250.345.645 em palitos e separar todos esses palitos em 345.250 grupos. Visualmente isso é instantâneo, porém não voluntário. É possível imaginar uma criança de cinco anos compondo sinfonias? Mozart o fazia, com certeza não era racional. É possível olharmos para um prédio e instantaneamente dizer sua altura. Para isso, transformamos a medida de um metro em uma imagem e fazemos com que o cérebro visualize quantos pedaços dessa imagem podem ser colocadas ao longo da altura desse prédio. Isso já foi pesquisado e constatado. Porém, sempre ocorrendo em pessoas que nasceram com essa potencialidade. Dominando a Chochmá e Biná, no sentido de utilizar a criatividade e a disciplina na utilização do tempo e espaço (como veremos estudando Kant e seu modelo de cognição), a capacidade sinestésica pode ser desenvolvida. O segredo desse mecanismo é atribuir a um pensamento uma forma. A meditação para esse tipo de desenvolvimento das energias Sefiróticas será apresentada em anexo, no capítulo 2 -C Anexo: Meditação para o Fluxo Mental.
No capítulo 2 -D desenvolveremos a compreensão da Sefirá de Daat. Com o conhecimento das Sefirót de Chochmá, Biná e Daat e as meditações para absorção de suas energias para o trabalho prático, teremos condições de desenvolver a conexão dessas três Sefirot num sistema único utilizando a metodologia de Morin, em que os sete princípios do pensamento complexo serão usados na modelagem da dinâmica do Fluxo Mental. Teremos a oportunidade de visualizar o mecanismo complexo dessas energias na totalidade e integralidade de suas funções. Juntamente com o Anexo para a meditação, iremos desenvolver uma visualização meditativa da letra Beith do alfabeto hebraico.

Anexo Explicativo - O primeiro mandamento da Torá e a Árvore da Vida

No primeiro mandamento, entre os dez mandamentos de D´us, passados a Moisés no monte Sinai, lemos na Torá:
Então falou D´us todas estas palavras:
"Eu sou o Senhor teu D´ús, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de mim".  
Lendo estre trecho das palavras de D´us que foram esculpidas em fogos nas tábuas da lei, parece que o Senhor, Todo Poderoso, está afirmando a existencia de outros deuses e que proíbe os hebreus (na época do recebimento) de os seguirem. Será que é correto interpretar assim? Será que o D´us Único afirmaria a existencia de outros deuses. Claro que não. No primeiro mandamento está a máxima do judaismo que é o próprio princípio teocrático da religião. D´us É Único, sendo Único, é nosso Criador. Nada vem antes D´ele. Devemos nossa existencia ao D´us todo poderoso. Nada é nosso na criação, tudo é Criado.

Esse é o princípio basico da religião judaica. Tudo provêm desse entendimento, as leis morais, as mitzvot, a Halacha, todos os 613 mandamentos.


A tendência do ser humano é criar símbolos para os sentimentos e emoções pouco compreendidas. Usa-se um coração para simbolizar o amor. Atribui-se a pedaços de papel a representação espiritual de algo sagrado, a própria Bíblia é considerada um objeto sagrado, o que deveria ser seu conteúdo, beija-se a mezuzá reverenciado-se ao objeto e não ao seu conteúdo e simbolismo sagrado. É uma tendencia da mente, substituir pensamentos e sentimentos complexos a objetos. D´us, Nosso Criador, referia-se a isso. Não criar nada que seja intermediário entre o povo escolhido e D´us. Não criar imagens, deuses falsos. Dar a D´us o seu lugar de soberano entre nós significa que não tentaremos sujeita-Lo às nossas idéias preconcebidas de como Ele É ou de como deve fazer as coisas. Devemos descartar a idéia de que só podemos crer N´ele só até onde podemos compreendê-lo. Se fosse assim, D´us seria limitado pela capacidade que temos de compreendê-Lo. A existência de D´us não é um esforço do ser humano para concebê-Lo, e sim é dada pela Sua revelação.
Assim, devemos ter cuidado com o que usamos para entender D´us e Suas energias, as forças da energia de D´us. A Árvore da Vida, se não tomarmos o devido cuidado, acaba sendo um objeto de adoração. Isto é, pela incapacidade da mente humana de apreender as energias de D´us, acabamos direcionando nosso foco para o desenho da Árvore da Vida como uma representação das forças e energias de D´us. Não é isso. É um esquema didático para o entendimento. As energias das dez Sefirot estão todas na Luz de D´us. As energias da Criação Divina é uma só. Dividiu-se em dez para o entendimento das energias fundamentais da Criação e os caminhos de crescimento que a centelha de vida deve seguir. Por exemplo, a Nefesh Elokit e Nefesh Behamit não ocupam um espaço dentro da Sefirá de Chochma, na verdade nem ocupa um espaço. São todas pertencentes à Luz de D´us.
No meu entender, devemos olhar para a Etz Chaim como um esquema representativo de uma inteligênia superior e não a própria representação dessa força. Não divinisemos o que não pode ser D´us. O entendimento das energias superiores da Criação está em percebe-las como energias sutís e não linhas e esferas de um desenho. Reflita sobre o que está sendo dito e seu posicionamento frente à Etz Chaim, entenderá essa explicação e a importancia disso.

domingo, 20 de novembro de 2011

Capítulo 2- B Continuação: Aprofundando o conceito de Chochmá

Temos momentos de interiorização. Momentos em que nos sentimos mais propensos a olharmos para dentro de nós mesmos. Às vezes estamos com alguém, com quem sentimos confiança e segurança para expressar o nosso interior e viajamos por dentro de nós mesmos. São momentos, em que sozinhos, talvez não conseguíssemos fazer essa viagem, parece que precisamos de um estímulo externo, uma âncora, para não termos medo de mergulharmos em nós mesmos. Há momentos em que estamos com alguém em que nosso coração se abre, nossa mente se esvazia e sentimos uma plenitude como se estivéssemos em contato com algo superior. Esse estado de plenitude é o contato com as energias de Chochmá. Precisamos desse estímulo físico, que traz conforto, prazer do contato com a pele, o calor do corpo de alguém ao nosso lado, para sentir segurança em mergulharmos em nós mesmos. Quando estamos sozinhos e nosso mundo emocional não está ativado, racionalizamos tudo. Nossos pensamentos precisam da linguagem para expressar-nos para nós mesmos. Parece estarmos conversando conosco mesmo num diálogo lógico: “...porque será que eu reagi daquela forma com ela? Porque eu não falei o que realmente eu queria? Bom, talvez eu não estivesse preparado para isso, ou será que não era o que eu realmente queria?”. É o diálogo que se passa em nossa mente. Quando o fluxo emocional não está presente, ou não está pelo menos em equilíbrio com o fluxo mental, é necessária uma linguagem interna para pensarmos, contrariamente ao estarmos com as emoções presentes e fluindo. O fluxo mental necessita do fluxo emocional para acessar o mundo do Ein Sof. A meditação, a prática de mergulhar em nós mesmos é a metodologia cabalística para acessar o mundo infinito do Ein Sof através das energias da Chochmá. Estamos estudando isoladamente cada Sefirá, mas precisamos ter em mente que as Sefirot são um sistema, um organismo completo, que não atua em partes isoladamente.
Já abordamos como está constituído o Fluxo Mental na Árvore da Vida. A Sefirá Chochmá, que é o contato direto com as energias do Ein Sof, Biná, “centelha do pensamento consciente”, que estudaremos separadamente num próximo capítulo, é o entendimento e direcionamento da energia de Chochmá e Daat, que significa “saber” sendo uma energia que ao mesmo tempo coloca Chochmá e Biná juntas, também conecta o fluxo mental ao fluxo emocional. A meditação cabalística se utiliza das energias de Daat para possibilitar alcançarmos estados profundos de consciência alterada. Com o esvaziamento da mente, a energia de Chochmá está em seu estado puro, sem que nosso ego interfira no processo de ligação com as energias divinas. Assim, os cabalistas dividem a Sefirá de Chochmá em duas partes distintas, Nefesh Behamit e Nefesh Elokit. A alma animal e a alma Divina. Representam o conflito interno entre o estado consciente racional e o estado de plenitude explicado no parágrafo anterior. Vou me permitir dar um exemplo usando uma experiência pessoal para que possamos entender essa duplicidade da Sefirá de Chochmá, coisa que me contenho de fazer, para que esse estudo seja o mais imparcial possível. Em uma conversa com uma amiga minha, há algum tempo atrás, sentimos nos aproximarmos de uma forma mais íntima, um querer trocar carinhos, nos envolvermos emocionalmente e deixar o coração falar. Estávamos começando a esvaziar a mente para que as emoções puras pudessem se expressar e o contato com as energias puras do universo começassem a fluir em nosso interior. Logo percebemos que estávamos avançando por um caminho perigoso, que talvez pudesse provocar mágoas futuras, pois nos conhecíamos há muito pouco tempo. A razão e o ego, primeiro por parte dela e depois relutantemente por minha parte, substituíram o estado de plenitude. O racional tomou conta daquele momento e deixamos de nos sentir em plenitude sentindo a necessidade da proteção do chão, dos pés no chão, temendo machucar-nos. A famosa frase foi dita: “vamos dar mais tempo, vamos nos conhecer melhor”. Prevaleceu a Nefesh Behamit, a alma animal, e não a Nefesh Elokit, a alma divina. Os medos, os traumas, as decepções passadas nos fizeram voltar à consciência puramente racional. É o mesmo medo que surge ao tentarmos mergulhar em nós mesmos. Entendo que a sabedoria feminina nos protegeu. Isso porque não estávamos preparados para mergulhar no mundo da Nefesh Elokit sem que feridas fossem provocadas em nosso ego. Esse é o ponto crucial em se lidar com a Nefesh Elokit, precisamos estar preparados e conscientes do estado puro com D´us para que saibamos lidar com nossos instintos animais também. Esse conhecimento e preparo é dado pelas energias de Biná, que restringem as energias de Chochmá direcionando para o entendimento. A Nefesh Bechamit é o instinto de preservação, a Nefesh Elokit, o lado “Divino” da alma, nos conectando a aspirações mais elevadas e nos uno a outra alma. A Nefesh Bechamit é egocêntrica, a Nefesh Elokit altruísta. Nessa Sefirá, a Chochmá, a centelha de consciência, é que acontece esse conflito interno. É a nossa luta diária entre o prazer e o dever, o querer e o poder, a auto-preservação do ego e a entrega espiritual. Esse conflito é tratado na Cabalá através das meditações, da conscientização e interação dos fluxos mentais e emocionais, criando um autodomínio para viajarmos seguramente entre os quatro mundos de nossa alma, Atsilut, a Vontade Divina, Beriyá, a inata natureza da mente, Yetsirá, o plano da emoção e Assiyá, o tempo, espaço e a consciência terrena.
A letra Alef do alfabeto hebraico é o símbolo místico dessa dualidade de Chochmá. Vou transcrever uma meditação invocada pelo Rabino Laibl Wolf para interiorizar o significado de Chochmá, A Nefesh Elokit e a Nefesh Bechamit.

“O valor numérico da letra alef é ‘um’. Ela representa o D´us eterno. Sua energia independe do tempo e da medida; ela é infinita. O alef é composto de três elementos: o braço superior, o braço inferior e o conector diagonal. O alef é a letra da integração pessoal. Ela nos ensina que, quando somos verdadeiramente completos, ambas as dimensões existem em equilíbrio dentro de nosso ser. O transformador diagonal redireciona o egocentrismo a uma postura de positiva auto-estima - o reconhecimento de seus dotes, predicados e singularidade. O “eu” da ordem superior direciona o seu comportamento de forma que o seu dote possa ser conferido a outrem, levando a relacionamentos próximos, de paz e harmonia. Olhe para o braço superior da letra. Este se refere ao seu “eu” da ordem-superior, denominado Nefesh Elokit (o componente Divino da alma). Sinta-se como se estivesse inalando o hálito de D´us. Sinta sua conexão com a Presença Divina. Agora olhe para a parte inferior da letra. O braço inferior se refere ao seu “eu” da ordem-inferior, o Nefesch Behamit (a latente tendência “animal” da alma). Mais uma vez, inale o hálito de D´us.Medite durante um minuto inteiro acerca de como estes dois traços coexistem dentro de vc. Agora olhe para o braço diagonal conector que equilibra os dois. Medite sobre o Nefesh Elokit e o Nefesh Behamit: o “eu” da ordem-inferior, e o “eu” da ordem-superior representando a generosidade, o altruísmo e a humildade.”
A letra Alef, torna-se o símbolo dos componentes da Chochmá. É o símbolo de invocação para o entendimento da dualidade da Sefirá de Chochmá, e em conseguinte o mecanismo de conflito-equilíbrio dessa Sefirá. A letra Alef torna-se um símbolo do autodomínio, do equilíbrio e a bússola para a viagem nas energias de Chochmá. As mudanças provocadas por Chochmá nos direcionam a uma nova vida, mais profunda, mais sentida, mais elevada, fazendo com que as adversidades sejam oportunidades de crescimento. Um relacionamento não pode gerar dor, uma relação entre o um homem e uma mulher e a criação de D´us, só pode ser divino (me referindo ao exemplo particular que coloquei aqui). A letra Alef, agora, é um anagrama de toda essa sabedoria.
No próximo capítulo estudaremos a Sefirá Biná (entendimento). Depois da terceira Sefirá - Daat, finalizamos o Fluxo Mental da Árvore da Vida, então colocaremos a nossa metodologia de pesquisa para consolidar esses conhecimentos. Primeiro utilizando a filisofica contemporânea para dar uma explicação menos etérea das Sefirot e depois, fazendo passar pelo modelo de Morin, o pensamento complexo, consolidamos a dinâmica de funcionamento de fluxo antes de proseguir. Quero fazer um anexo explicativo antes de proseguir, antes do capítulo 3 - Biná.

domingo, 13 de novembro de 2011

Capítulo 2- B: Iniciando o Conhecimento da Árvore da Vida – A Sefirá Chochmá

Até agora foram abordados assuntos de caráter geral e introdutório ao estudo da Árvore da Vida:

1) Fisiologia da AV (escreveremos dessa forma daqui em diante nos refirindo a Árvore da Vida), apenas mencionando a constituição e o fluxo de cada órgão da AV. Eu chamo de órgão qualquer parte da AV, pois são organismos vivos por onde a energia cósmica encontra os caminhos para fluir.

2) As ferramentas de entendimento da AV uma breve menção da sua utilização como meio de reflexão e processos de absorção de energias.

3) A metodologia a ser utilizada na dissecação dos órgãos constituintes e a forma de integrá-los num sistema único e complexo de reconhecimento das energias espirituais e emocionais internas.

4) As abordagens a serem utilizadas para a percepção das idéias: a) analogias, b) silogismos, c) paralelismos ao pensamento contemporâneo, e d) a abordagem do Zohar (livro mais conhecido e estudado da compilação cabalística).

5) A metodologia científica de pesquisa será a cartesiana, pois esta que estamos acostumados a entender, porém cabe uma explicação. Descartes criou a análise dos objetos da observação. Determinou os caminhos para a sistemática da análise como sendo a fragmentação do objeto de observação (que no nosso caso é a AV). Aqui está um grande erro de interpretação de seu modelo, ou pelo menos um conhecimento parcial de sua metodologia. Em seu livro, Discurso sobre o Método (1636), Descartes frisa que a fragmentação das idéias é com o objetivo de chegar ao conhecimento primordial e mais simples do conhecimento e não tão somente a fragmentação simples, que redunda no reducionismo, falseabilidade da interpretação e perda do significado essencial de um sistema. Assim, adotamos a fragmentação do sistema da AV tendo em mente esses objetivos: 1) conhecer a idéia primordial e mais simples dos órgãos constituintes da AV, 2) integrar os conceitos desfragmentado-os para chegar à metodologia Morin ( o pensamento complexo) e obter um sistema orgânico cognoscível, de fácil assimilação e interiorização do todo.

6) Técnicas de meditação desenvolvidas por cabalistas clássicos.

Bom, comecemos nossa viagem através das energias sutis de D´us, e que sua sabedoria infinita nos guie para o conhecimento de nossa verdade interior.

CHOCHMÁ

Chochmá é a primeira Sefirá no caminho para a busca do aprofundamento em nossa espiritualidade. Entendamos que nós todos não somos seres humanos, estamos seres humanos. Nossa verdadeira essência são as energias criativas de D´us. Nascemos com um corpo para que tenhamos um meio de “comunicação” com o meio física da criação. Se quisermos espiritualizarmo-nos precisamos utilizar os meios espirituais que dispomos.

Para entender uma primeira aproximação do significado da Sefirá de Chochmá vamos mencionar uma analogia utilizada pelo Rabinio Laibl Wolf, que é muito simples de absorver. O significado da Sefirá de Chochmá é como uma atividade de pesca. Temos um grande lago a nossa disposição, repleto de peixes, peixes vistoso, grandes, vigorosos em seu habitat ecológico. Nesse habitat os peixes estão livres, com vida própria alimentando-se mutuamente um dos outros. O habitat é perfeito para a auto-suficiência. Não precisam, eles mesmos de outro habitat de desenvolverem-se. O pescador lança seu anzol com uma isca e tira um peixe desse lago para alimentar-se, produzir energia física para continuar a viver, pois precisa de alimentos para saciar as necessidades de seu organismo que não é auto-produtor de energia. Chochmá é isso. Porém, um espaço para a energia espiritual. Chochmá como organismo vivo da energia criadora de D´us, é um fluxo energético capaz de tocar o mundo de Ein Sof e retirar de lá inspiração e criatividade. Chochmá é o catalisador energético que extrai os poderes de nossa alma das profundezas do subconsciente, revelando-nos à luz da consciência. No processo de pensar, a Chochma é a centelha divina que dá partida ao processo de cognição. Chochmá significa “SABEDORIA”. Sabedoria não é informação, sabedoria é a capacidade de transformar observações, fatos, informações em conhecimento. Se persistirmos em interpretar um evento sempre da mesma forma, negativamente, imbuída de medo e dor, é assim que nossa mente irá assimilar qualquer pensamento ligado à observação dessa idéia. A Sefirá de Chochmá disponibiliza o acesso às idéias, se a mente interpretar daquela forma negativa, a carga excessiva de stress irá agir de maneira a liberar hormônios que deflagram uma reação em cadeia de eventos bioquímicos. O Rebe de Lubavitch insistia que temos a capacidade de mudar a nossa natureza. Isto requer uma introspecção sistemática, auto-análise e coragem para se enfrentar. É o domínio da mentalização dos peixes pecados pela Chochmá. Poderíamos achar que um determinado pensamento sempre nos deixa ansioso. Fazendo esse pensamento viajar, e observando o cenário que o criamos, podemos criar e redirecionar o pensamento, fazendo com que as paisagens se tornem mais fáceis de manipular e tornando os pensamentos mais objetivos, positivos e confortáveis. A meditação cabalística tem a função de exercitar a mente para isso.

A primeira medição mencionada nesse texto foi para a expansão da consciência, o exercício constante dessa primeira meditação vai dar condições para a mente elaborar e construir cenários que mudem o padrão vibratório do pensamento. Fazer com que a mente obedeça ao nosso comando para a imaginação e acomodação desse cenário na mente e na alma.

Uma segunda meditação tem a função de arraigar na mente as condições para transformarmos qualquer padrão vibratório negativo em um padrão mais elevado e saudável para a mente e para o corpo. O exercício é a visualização da beleza e do bem estar do espírito conectado a um pensamento.

Meditação no. 2: A natureza em seu estado mais puro é a imagem que tem o poder de abaixar os níveis vibratórios da mente para alcançarmos o estado de contemplação, beleza, bem estar e satisfação. Sente-se confortavelmente. O corpo totalmente apoiado para que a mente possa se concentrar nas imagens criadas. Construa em sua mente a imagem de um ambiente na natureza que lhe traga o máximo de prazer e conforto ao coração. Um lago com águas cristalinas, pássaros voando pelas árvores, o vendo soprando entre as arvores e transpassando seu corpo trazendo sensações de frescor, suavidade, uma brisa aconchegante. Observe bem tudo que há em volta, árvores, o horizonte onde pode estar ocorrendo um crepúsculo, as ondas do lado, o barulho da água caindo, o som da natureza e dos pássaros, o cheiro da mata verde entrando nos pulmões. Faça desse lugar o seu lugar de prazer. Então para cada pensamento que lhe provocar desconforto viaje para esse lugar só seu, onde vc vai aprender a transformar as sensações desagradáveis em sensações de prazer. Os pensamentos negativos e pesados abandonam sua mente. Com o tempo, o exercício dessa meditação vai fazer com que vc possa alterar qualquer nível de vibração desconfortável fazendo os pensamentos inúteis, os pensamentos que foram enraizados por traumas, abandonarem a mente e o coração.

Com as Sefirot do fluxo do pensamento, iremos ter mais ferramentas para alterar a própria natureza do nosso subconsciente. Com a Cabala nós aprendemos como é que podemos usar o nosso poder de crença (essa crença vai ficar mais clara com a terceira Sefirá, Daat) para mudar, não só a química de nosso corpo, mas significativamente, as conexões e ligamentos espirituais de nosso “eu” superior.

O Fluxo de Chochma pesca pesca do mundo de Ein Sof verdades puras, pensamentos puros à priori, que devrão ser transformados em pensamento e sabedoria pela mente. Neste ponto é que podemos utilizar o modelo sobre o pensamento criado por Immanuel Kant em seu livro Crítica da Razão Pura, para termos uma explicação filosófica e menos etérea do que é Chochma, abordaremos isso num capítulo em especial, logo após o presente capítulo. Dessa forma dispomos em nosso sistema orgânico espiritual uma ferramenta para pescar verdades. Verdades divinas, que irão passar pelo crivo de nossa razão. Se absorvermos beneficamente essa verdade, nosso espírito recebe iluminação, do contrário, trevas. Vamos entender um pouco mais esse processo de “pescar verdades divinas” nesse lago de peixes que é o Ein Sof. Abordaremos o mundo do Ein Sof no final do estudo da Cabala, pois é uma Sefirá (Keter) de uma energia extremamente sutil, e necessita que estejamos preparados para absorver esse conhecimento. O lançar do anzol para o lago, contrariamente a analogia, não é um processo consciente. Não ficamos pensando em D´us para ter uma idéia, ou um estado de imaginação, a luz de uma idéia criativa. Isso acontece involuntariamente. Li um livro com o título de “Estratégias de Napoleão”. O autor chamava essas estratégias de “estalos de consciência”. O livro começa a analisar o pensamento de Napoleão e encontra em vários personagens da história o mesmo estalo de consciência que analisou em Napoleão. Isso é Chochmá. Um estado de iluminação para “preencher-se” com uma verdade divina do processo fluídico de Sua sabedoria. Fiquei decepcionado, ao encontrar logo numa primeira Sefirá do conhecimento uma atividade involuntária, que não depende do nosso esforço para adquirir. Porém, mesmo sendo involuntário, é possível de ser controlado. Quero colocar um conceito muito importante nessa etapa, a expansão da consciência. É a atividade que vai nos libertar os fluxos involuntários e nos abrir um mundo para participarmos da continuação da Criação, que é um movimento eterno. Para podermos ter um controle maior dos fluxos da Chochmá é necessário um exercício constante, sistemático e progressivo da expansão da consciência. Que consciência? Consciência da existência. Entram em cena agora as atividades de meditação cabalística. Uma pausa para explicar o processo desse estudo que estamos fazendo. Primeiro estamos fazendo uma análise fragmentada de cada Sefirá, atribuindo meditações cabalísticas para o desenvolvimento de sua atividade voluntária, segundo uma análise sob a ótica do conhecimento contemporâneo e em terceiro, iremos atribuir os conceitos da astrologia cabalística para individualizar esse modelo da alma. Teremos o conhecimento sutil das energias, um conhecimento racional, os exercícios para interiorizar as energias das Sefirót e por último o conhecimento de como essas energias agem em nós mesmos. Continuando, pescar um peixe, ou pescar uma verdade do Ein Sof involuntário porque não estamos preparados para acessar voluntariamente esse mundo tão sutil e etéreo. A meditação é algo muito pessoal, uma atividade que deve utilizar dos esquemas presentes em nossas consciências para acessarmos novos conhecimentos, novas revelações. Darei uma visão do tipo de meditação necessária para expandir a consciência que a Chochmá necessita, e cada um de nós formula a sua melhor maneira e mais proveitosa de alcançar os objetivos.

A meditação para treinar e cada vez mais expandir a consciência utilizada na Chochmá tem a ver com a visão do mundo que vivemos e abrir a mente para que energias inteligentes encontrem espaço em nossa mente para o novo. A meditação deve ser o mais simples possível, para que a mente dê espaço para que as emoções participarem do processo de interiorização. O exercício é o seguinte. Sente-se confortavelmente e sinta-se relaxado, onde nenhum músculo de seu corpo precise estar contraído. Até mesmo a cabeça precisa estar apoiada para não forçar os músculos do pescoço e dos ombros. Observe à sua volta todos os móveis, objetos, cores, até mesmo cheiros, texturas, todos os detalhes possíveis. Em seguida feche os olhos e mergulhe em sua mente. Reconstrua todo o ambiente dentro de sua mente. Construa mentalmente onde está, mas em sua consciência. Não importa se vai construir errado ou certo, o importante é o exercício de construir. Primeiro partindo do mais próximo de você em direção ao mais longe de sua realidade interior. Em seguida, comece a integrar a este único ambiente, o seu mundo externo. Os outros quartos, o corredor, os banheiros, sempre se preocupando em visualizar os detalhes de cada lugar. É como se vc tivesse uma câmara digital filmando cada ambiente. Porém, o mais importante, é agregar os ambientes, somar ao que já está construído em sua mente, ir aumentando o cenário presente em sua consciência. Saia mentalmente para a rua. O interior do ambiente onde está e todos os cômodos continuam em sua mente, você está agregando novos espaços. Agregue as ruas adjacentes, os prédios vizinhos, com o tempo entrando nos apartamentos. As pessoas andando na calçada, o jornaleiro vendendo jornais, o comércio em atividade. Não é um exercício de adivinhação, mas de imaginação. A cada exercício de meditação vai ficando mais fácil reter os lugares de onde saiu ou passou, estamos reconstruindo o bairro em nossa mente como se estivéssemos olhando tudo de cima e ao mesmo tempo de perto, visualizando os detalhes. O objetivo é agregar ao ambiente onde estamos sentados, todo o bairro, toda a cidade, todo o país, o continente, o país, o planeta e finalmente o Universo.

Isso precisa de dedicação, força de vontade e persistência. É necessário entender para que estamos fazendo esse exercício. Estamos abrindo a mente para acessar o mundo do Ein Sof, dando condições internas para ver o que não pode ser visto, ouvir o que não pode ser ouvido e até tocar o que não pode ser tocado. No início as imagens fogem, insistentemente tente as reter, volte atrás, recomece, parta de momentos anteriores, não deixe que o todo escape de sua consciência. É como querer pegar um peixe escorregadio, ele foge das nossas mãos, mas aos poucos percebemos que as escamas do próprio peixe ajudam a agarrá-lo. Percebendo que apertando contra o sentido das escamas o peixe deixa de ser escorregadio. O mesmo ocorre com a visualização do que está longe, percebemos formas de conseguir reter as imagens. Sempre agregando algo mais, porém sem forçar a natureza do seu processo de imaginar, pois você está ensinando para sua consciência nova forma de funcionar. Veremos mais adiante, no próximo capítulo, no modelo cognitivo de Kant como essa meditação pode ser explicada pelos mecanismos da filosofia fenomenológica.

Terminando de estudar cada fluxo do organismo cabalístico da AV, mental, emocional e físico, utilizaremos o modelo do pensamento complexo para integrar as Sefirot de cada fluxo: o sistema de cada fluxo, a imagem hologrâmica (de holograma) de cada fluxo, a retroatividade entre as Sefirot, a recursividade existente do sistema, a independência e autonomia de cada Sefirá, a dialógica para alcançar o equilíbrio energético e a reintrodução de cada mudança na consciência Sefirótica.

Iremos abordar os assuntos da astrologia cabalista, os simbolismos das letras hebraicas de cada órgão da AV, os astros do sistema solar na AV, ao final de cada fluxo energético. Assim, depois de estudarmos Chochmá, Biná e Daat, caracterizaremos esse fluxo mental com os temas apontados, e assim para cada fluxo, mental, emocional interiorizado, emocional exteriorizado e o fluxo físico das sensações.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Capitilo 2 - A : Ferramentas para entendimento da Árvore da Vida

Iniciando objetivamente o estudo das energias criativas e o plano metodológico para conhecê-las, pela Árvore da Vida, precisamos definir alguns princípios nos quais esse modelo está baseado e retira os meios para sua sustentação. A religião judaica não é dogmática, isto é, não parte de pressuposições de onde não se pode obter explicações. Talvez explicações que a mente não possa processar de imediato, mas as bases são sólidas. A história do povo judeu, seu inicio, um povo adotado por D´us, tornar-se o povo da Bíblia, uma terra prometida por D´us, tudo é história documentada. Esse argumento é defendido por Yehuda HaLevi em seu livro O Cuzari. Milhões de pessoas testemunharam a subida de Moises ao Monte Sinai. Falar em hipnose coletiva é absurdo. Maimônides sintetizou a fé judaica em 13 princípios. Entre esses princípios estão mencionados: amarás a D´us acima de todas as coisas, D´us é único, a Torá foi dada ao povo judeu pelas mãos de D´us. Até hoje, em tudo que é escrito sobre qualquer coisa que se refira à religião judaica é retirado da Torá. Interpretações, analogias, implicações lógicas, mas tudo é retirado do texto da Torá. Por exemplo, um assunto que vai ser abordado nesse estudo, a astrologia cabalista. Cada signo, planeta, interpretação, foram retirados do texto sagrado. Os doze signos foram interpretados pelos cabalistas a partir dos estudos da Torá. Os doze signos são relacionados aos doze filhos de Jacó. Atribuiu-se a cada signo a ordem cronológica do nascimento de cada filho de Jacó. Na seqüência das constelações zodiacais, que é marcado pelo percurso que o sol realiza pelo céu, visto da Terra, atribuíram-se as características de cada um dos doze filhos de Jacó aos signos zodiacais cósmicos. Para extrair as características básicas de cada signo, os cabalistas se basearam em dois trechos da Torá. O primeiro aquele onde Jacó, em seu leito de morte, passa a abençoar cada um de seus filhos (Gênesis, capítulo 49, versículos de 1 a 27). O segundo trecho é aquele em que Moisés, também pouco antes de morrer, profere sua benção a cada uma das tribos de Israel, originadas pelos filhos de Jacó, que se encontra no livro de Deuteronômio, capítulo 33.

Quais as ferramentas utilizadas para analisar as energias criativas de Ein Sof (a energia da força de D´us) e seus efeitos sobre nós? Iremos enumerar todos os processos de análise da Árvore da Vida:

1) A separação em Sefirot, dez esferas de fluxos de energias, para compreender o todo da energia de D´us. Cada Sefirá tem intrínseco em si uma qualidade da energia de D´us.

2) Caminhos que interligam as Sefirot. Em primeiro os caminhos que interligam diretamente as Sefirot da coluna da direita (energias ativas) da coluna da esquerda (energias passivas, ou de retenção). Esses caminhos são representados e qualificados pelos quatro elementos da criação: água, terra, água e fogo. Os demais caminhos são representados pelas constelações, ou seja, pelos signos cabalísticos.

3) Cada um dos 22 caminhos estão associados às 22 letras do alfabeto hebraico, a Lashon HáKodesh. Cada letra tem um significado, uma explicação de seu formato e uma simbologia própria para dar mais conceitos de entendimento sobre os caminhos.

4) Cada Sefirá está relacionado a um planeta do sistema solar, são dez planetas distribuídos pelas dez Sefirot, colocados conforme sua distancia da Terra.

5) A Árvore da Vida está segmentada em fluxos de energia. Fluxo Mental, Fluxo Emocional Interiorizado, Fluxo Mental Exteriorizado e o Fluxo das Sensações Físicas. Em cada fluxo estão distribuídas as Sefirot.

6) Em cada fluxo descrito na Árvore da Vida, configura-se um processo que caracteriza a Criação. A criação de um espaço, um vazio para conter a energia da criação, a construção das energias divinas em recipientes de luz e a necessidade de elevar espiritualmente as centelhas derivadas da quebra dos recipientes. Assim, cada fluxo de energia está composto por três Sefirot. A primeira que abre espaço para receber a energia, a segunda para a contração da energia recebida e a terceira para o equilíbrio energético das forças divinas. Por exemplo: o fluxo das energias mentais contém três Sefirot. Chochmá, Biná e Daat. Chochmá é o receptor das energias da sabedoria de Ein Sof, é uma Sefirá que se tem o atributo da recepção das idéias, criatividades, imaginação, uma expansão da consciência para coisas novas, novas tecnologias, novos conhecimentos, mas excessivamente aberta para a dispersão. Os pensamentos não têm uma ordem, uma seqüência lógica. É um receber contínuo e quase que embaralhador, de tanto fluxo pensante jorrando. Biná, a Sefirá da contração ligada a Chochmá, restringe esse fluxo contínuo, como o desaguar de uma cachoeira, para direcioná-lo pelas margens de rio. Com limites e objetos. É o entendimento do fluxo pensante de Chochmá. Assim, a contratação de uma Sefirá é na verdade o disciplinar da energia de expansiva do receber. Existem os pólos do receber e da contração. È necessário um mecanismo equilibrador desses opostos, ou seja, ativar um ou ativar outro, abrir mais a torneira de um e fechar mais a torneira de outro. Entra em ação a terceira Sefirá, Daat, que equilibra os dois fluxos, junta as duas Sefirot e faz a conexão com o fluxo emocional. A partir daí o mundo das idéias é interiorizado. O Fluxo Mental, com as três Sefirot, Chochmá, Biná e Daat, são objeto de estudo do presente capitulo. Chochmá terá um embasamento filosófico da obra de Immanuel Kant sobre o processo cognitivo do pensamento, Biná terá uma explicação do modelo de Piaget sobre a epistemologia Genética, abordando os esquemas mentais, e Biná a obra de Shopenhauer sobre a Vontade como Representação. Não nos furtaremos a abordar as Sefirot pelas energias puras da divindade, expondo os princípios de suas atividades, apenas usaremos os modelos filosóficos e psicológicos para dar um sentido mais próximo de nossa realidade humana.

7) Outra ferramenta da Árvore da Vida é a meditação sobre os aspectos de cadaêparte da Árvore. O objetivo de integrar e separar as energias da criação para o conhecimento e elevação espiritual é a expansão da consciência. Teremos a proposição de exercícios meditativos para treinar a mente a se expandir conscientemente. Esses exercícios meditativos é o centro da atividade cabalista, que dota de recursos o corpo físico para acessar o mundo espiritual.

Entraremos agora, com o próximo capítulo no mundo das energias divinas da criação. Vamos nos preparar para lidar com energias sutis e abrir a mente para esquecer um pouco o mundo físico e penetrar no mundo espiritual. Tentaremos ao máximo dotar os conceitos com explicações filosóficas antes de adentrar o mundo do imperceptível. Convido a todos a deixar seus preconceitos, suas idéias pré-concebidas para devastar caminhos novos pela mata do intangível, do impalpável, da energia pensante pura, e como diria Balzac, pelas Ilusões Perdidas. Que Baruch HaShem nos guie pelos caminhos de seus ensinamentos, pelos caminhos do entendimento conforme as escrituras, que não nos desviemos de suas verdades e que nos abençoe com sua sabedoria infinita. Amém.