Fluxo Mental - Chuchmá, Biná e Daat |
Uma pesquisa conclui que o ser humano tem em média cem mil pensamentos por dia. Porém, 95% desses pensamentos são repetitivos. Isso quer disser que de toda atividade mental, apenas 5% está constituído por novos pensamentos, ou modificação de pensamentos. Estamos constantemente repetindo pensamentos como se fosse uma mensagem subliminar, uma repetição de padrões que de alguma forma acabam sendo absorvidos como verdadeiros. Esses pensamentos se não passarem pelo crivo do entendimento, de um filtro selecionador, acabamos por nos convencer a nós mesmos de pensamentos aleatórios, erroneamente racionalizados. A função das energias do Fluxo Mental de Biná é de selecionar os pensamentos dispersos capturados pela Chochmá e direcioná-los para uma realidade consciente. A chave para criar mudanças está em, primeiramente, reconhecer este mecanismo energético da alma, que se constituem em hábitos não conscientes da mente. A função da Sefirá de Biná é de capturar a centelha criativa da interpretação (Chochmá) e redirecioná-la segundo uma nova maneira de pensar. Isso pode ser feito de maneira consciente através das ferramentas que estamos utilizando: expansão da consciência através da meditação. A simples conscientização desse processo não vai modificar o hábito arraigado que temos de fazer da mente um repetidor de mensagens. Daí já termos ouvido que utilizamos apenas 5% da capacidade de nosso cérebro. É como deixar uma luz ligada durante o dia inteiro e a noite inteira para lermos durante 1 hora antes de dormir. Gasto desnecessário de energia, má utilização do potencial, criação de hábitos danosos à saúde e desperdício de um grande potencial que poderia ser utilizado de forma criativa. O processo de modificação desses hábitos nocivos, reações involuntárias, de erros repetitivos e reincidentes, por causa da inflexibilidade da mente, requer o nosso envolvimento consciente no processamento da criatividade da Chochmá para o fluxo de entendimento direcionado do fluxo da Biná. Se a Chochmá é o processo pelo qual extraímos de uma fonte inesgotável inspirações e criatividade mental, a Biná é o meio pelo qual aquela centelha de inspiração se transforma em uma coerente seqüência lógica de idéias coerente com a realidade interna de nossa razão. A Chochmá pescou aquele "peixe" e a Biná irá dar uma utilidade para ele, ou como alimento, ou devolvendo ao lago se é uma atividade que não vai atender a alimentação. Quando se aprende a processar os “estálos” de consciencia (quando me referi a um livro, A Estratégia de Napoleão), esse clarão de consciencia involuntária torna-se poderosa matéria prima para raciocínios inovadores, idéias revolucionárias, entendimentos profundos, fontes de inspiração para atividades práticas. Não é raro nos sentirmos confusos, com a sensação de não passar nada pela mente, ou de não conseguirmos um raciocínio que chegue a algum ponto elucidativo. É o resultado de deixarmos que a totalidade do fluxo mental concentre-se nas energias de Chochmá. Não há canalização do processo criativo. É como numa fábrica de macarrão, quando a máquina que produz o macarrão está em pleno vapor e a máquina de embalar para de funcionar. Cria-se uma grande bagunça e o macarrão não pode seguir o curso normal de distribuição. Os resultados da conscientização e percepção do papel de Biná provocam um equilíbrio no fluxo mental. Ameniza-se a raiva provocada pelos pensamentos não direcionados, a angústia, a depressão, a sensação de estar numa confusão mental. A Cabala trata desse assunto no Zohar de uma forma simbólica, que aflora a imaginação para perceber a capacidade desse processo de intervir na nossa vida do dia-a-dia. O Zoahar estabelece que a Chochmá deposita suas sementes no ventre da Biná, engravidando-a. Esta união cria uma concepção energética, um trabalho de parto fluídico, e finalmente o nascimento de sete filhos, as sete Sefirot da Emoção, nos Fluxos das Emoções Interiorizadas e do Fluxo das Emoções Externalizadas. Essa idéia seminal da concepção transforma-se num processo interminável de usa seqüências de pensamentos amadurecidos pela análise, racionalizados pela construção mental e ordenados de forma lógica.
A utilização da astrologia cabalística vai individualizar esse mecanismo, ou seja, vai atribuir a cada um de nós a maneira de como esse processo acontece conosco. Através da análise do equilíbrio dos quatro elementos, terra, ar, fogo e água, caracterizando os planetas e suas posições no momento de nosso nascimento, é caracterizado como fomos Criados através das energias de D´us e como se agruparam para nossa formação. Podemos ter maior energia concentrada em Chochmá que em Biná, podemos ter um equilíbrio de energias, podemos ter falta de energias de Chochmá. A astrologia cabalística vai apontar qual o estado energético de todas as Sefirot na constituição da nossa personalidade e processo de lidar com essas energias.
Conforme mencionado no início de nosso estudo, são quatro os princípios em que a Cabala se baseia para que possamos utilizar as forças energéticas da Criação: Emuná, Ratzon, Avodá e Oneg, ou seja, primeiro recebemos de D´us a capacidade de mudar a nossa natureza, segundo, a nossa vontade é o impulsionador dessa mudança, terceiro, a introspecção (meditação) é a ferramenta para absorver profundamente a maneira de como efetuar a mudança, e por último, para manter a energia para a mudança, valorizamos cada passo em direção ao sucesso. Outra pesquisa científica foi realizada para medir a atividade mental. Aparelhos de ressonância magnética foram utilizados para captar a atividade cerebral na realização de processos repetitivos. O resultado foi a verificação de uma multiplicação das conexões neurais em determinadas áreas do cérebro onde se verificou ser o centro de comando responsável por aquela atividade. Isso significa que se a meditação disciplinada na utilização dos processos de Chochmá e Biná de forma consciente, e nas restantes Sefirot como se verá, isso vai resultar em mudanças fisiológicas e químicas na atividade cerebral de forma a "treinar" o cérebro e a mente a aperfeiçoar esse processo bioquímico e o fluxo das energias.
Uma capacidade do cérebro pode ser desenvolvida voluntariamente com a compreensão e exercitação dos mecanismos de Chochmá e Biná, e mais fortemente, com a próxima Sefirá que estudaremos, Daat. Essa capacidade é designada pelos cientistas de Sinestesia. A capacidade que pessoas possuem de desenvolver raciocínios ou mecanismos mentais com uma velocidade muito além do normal. Por exemplo, crianças que conseguem fazer cálculos complexos em frações de segundos. Já vimos apresentações disso na televisão. Crianças fazendo divisões entre dois números na casa de milhões. Como isso é possível? É um recurso que a mente utiliza para transformar pensamentos em visualizações. A criança em questão não enxerga o número como algarismos numéricos, mas sim como imagens. Se pedirmos para dividir 250.345.645 por 345.250, o processo mental vai ser: transformar o primeiro número em alguma coisa nessa quantidade, por exemplo, aquele número de 250.345.645 em palitos e separar todos esses palitos em 345.250 grupos. Visualmente isso é instantâneo, porém não voluntário. É possível imaginar uma criança de cinco anos compondo sinfonias? Mozart o fazia, com certeza não era racional. É possível olharmos para um prédio e instantaneamente dizer sua altura. Para isso, transformamos a medida de um metro em uma imagem e fazemos com que o cérebro visualize quantos pedaços dessa imagem podem ser colocadas ao longo da altura desse prédio. Isso já foi pesquisado e constatado. Porém, sempre ocorrendo em pessoas que nasceram com essa potencialidade. Dominando a Chochmá e Biná, no sentido de utilizar a criatividade e a disciplina na utilização do tempo e espaço (como veremos estudando Kant e seu modelo de cognição), a capacidade sinestésica pode ser desenvolvida. O segredo desse mecanismo é atribuir a um pensamento uma forma. A meditação para esse tipo de desenvolvimento das energias Sefiróticas será apresentada em anexo, no capítulo 2 -C Anexo: Meditação para o Fluxo Mental.
No capítulo 2 -D desenvolveremos a compreensão da Sefirá de Daat. Com o conhecimento das Sefirót de Chochmá, Biná e Daat e as meditações para absorção de suas energias para o trabalho prático, teremos condições de desenvolver a conexão dessas três Sefirot num sistema único utilizando a metodologia de Morin, em que os sete princípios do pensamento complexo serão usados na modelagem da dinâmica do Fluxo Mental. Teremos a oportunidade de visualizar o mecanismo complexo dessas energias na totalidade e integralidade de suas funções. Juntamente com o Anexo para a meditação, iremos desenvolver uma visualização meditativa da letra Beith do alfabeto hebraico.