quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Capítulo 3: A Dinâmica das energias do Fluxo Mental da Árvore da Vida

Nesse capítulo vamos articular todos os conceitos vistos separadamente com relação às Sefirot (recipientes) do Fluxo Mental da Árvore da Vida: Chochmá, Biná e Daat. Será um exercício para criar um único conceito sistêmico de uma parte da Ets Chaim (Árvore da Vida). Foram desenvolvidos os entendimentos sobre o significado de cada Sefirá, a função de cada uma dentro do Fluxo Mental, os significados das letras hebraicas associadas à elas, os elementos astrológicos: os planetas, o elemento água que liga Chochmá e Biná, o primeiro portal da Santidade, a precaução, a expansão de consciência provocada pela meditação e um exercício de auto-hipnose, auxiliadora na meditação.
É importante que acompanhemos o posicionamento das Sefirot e seus caminhos para ficar mais fácil de visualizar nela do raciocínio que vamos desenvolver.   Coloco aqui, nas ilustrações a Árvore da Vida e o Fluxo Mental que estamos estudando.
O Fluxo Mental
O Fluxo Mental é processo de Inspiração, Entendimento e Energização Criativa. Através de Chochmá acessamos uma Inspiração, que pode ter um atributo Divino (Nefesh Elokit), ou um atributo de nosso ego (Nefesh Behamit). Essa inspiração é inconsciente, involuntária e independente. A atividade das energias dessa Sefirá, a Chochmá, é de “pescar”, ou no lago Divino, ou em nosso lago interior, uma centelha de pensamento, de iluminação da mente, de inspiração cognitiva. O planeta Urano caracteriza o funcionamento dessa energia. Urano atribui à Chochmá o sentido do inesperado, do inovador, das mudanças repentinas e radicais. Urano representa as grandes revoluções científicas e sociais, que choca pelo inusitado, pela rebeldia. Sua energia é responsável pelo anticonvencionalismo e anticonformismo. O planeta Urano rege o signo de Aquário. A influência de Urano contesta de forma explosiva o excesso de rigor e disciplina em tudo que toca. A Inspiração tem esse atributo de força magnetizadora de Urano, de inesperado, inovador, repentino, radical, revolucionário, inusitado, rebelde. O vigor de uma pessoa idealista é alimentado pelas energias de Chochmá. É a energia livre do querer mudar, buscar descobertas, encontrar respostas, descobrir coisas novas, criar mentalmente, fazer nascer no pensamento idéias originais e criativas. É a força pensante em nosso ser, é o que alimenta a vontade de aprender, a busca pela cultura, busca pelo saber. Na energia de Chochmá está a centelha Divina da concepção da Criação. A Sefirá de Biná dá o direcionamento para essas energias inspiradoras de Chochmá, dando entendimento para as inspirações criativas na alma. É como uma catraca de entrada selecionando as inspirações desordenadas de Chochmá atribuindo disciplina, estrutura e encaminhamento. O planeta Saturno caracteriza as energias de Biná. Saturno é o senhor do tempo, organizando e dando ordem e seqüência a tudo. Saturno provoca a cobrança da correção e é exigida da forma mais severa e às vezes dolorida e pesada. Através de Biná, Saturno age  disciplinando e exigindo responsabilidades, às vezes, duras e cruéis, mas nos fazem crescer e evoluir. Biná, com as características de Saturno, é como o pai severo que retribui com sabedoria e conquistas duradouras os sacrifícios impostos. As energias que Saturno representa na Sefirá de Biná são de restrição, renúncia, perdas, disciplina rigorosa, ascetismo, reserva, discrição, economia tendendo à mesquinhez, medo, rigidez, persistência, atrasos, obstáculos, paciência e resignação. São necessárias energias fortes de estruturação para organizar as energias vorazes e incontroláveis de Chochmá. Saturno detém Urano em sua impetuosidade. Biná detém Chochmá em sua ferocidade. O planeta Saturno rege o signo de Capricórnio. As inspirações altruístas de Chochmá através da Nefesh Elokit (alma divina) e as inspirações egoístas (ego) através da Nefesh Behamit (alma animal), com os atributos de Urano, são direcionadas, organizadas, disciplinadas pelas energias estruturadoras de Biná, com os atributos de Saturno. O caminho padrão da Árvore da Vida é Keter, Chochmá e Biná. Keter (Coroa) representa o Ein Sof, a energia Divina. Porém existem dois caminhos de Keter: o caminho de Keter para Chochmá, e o segundo caminho de Keter para Biná. Respectivamente, a luz Divina para a Inspiração e a luz Divina para o Entendimento. A luz Divina direcionada para Chochmá é denominada Consciência Deslumbrante e a luz Divina direcionada para Biná é a Consciência Brilhante. No livro Yetzirah, atribuído a Abraão, o patriarca do povo judeu, Estão mencionados este dois caminhos, os quais são definidos como o décimo primeiro e décimo segundo caminho, como caminhos após as dez Sefirót:
“O undécimo caminho é o da Consciência Deslumbrante (Sekhel MeTzuchtzach). Chama-se assim porque é a essência do Véu que está ordenado na disposição do sistema. Indica a relação dos caminhos que um pode permanecer diante da Causa das Causas.”
“O décimo segundo caminho é o da Consciência Brilhante (Sekhel Bahir). Chama-se assim porque é a essência da Ophan, roda da grandeza. É chamado o Visualizador (Chazchazit), o lugar que faz sair a visão que os videntes percebem em uma aparição”.  Esse caminho mostra o estado de consciência livre das aparências do mundo dos fenômenos, do gozo do ser absorvido na contemplação espiritual, discernindo a realidade da ilusão, o estado da harmonização com a Consciência Universal.
A terceira Sefirá que compõe o fluxo Mental, o primeiro fluxo da Árvore da Vida, é Daat. Através de Daat é feita a ligação ente Chochmá e Biná, agindo como um fiel de balança, atribuindo um desequilíbrio pata Chochmá ou para Biná, ou o equilíbrio entre as duas Sefirót, além disso conectando o Fluxo Mental aos Fluxos Emocionais. O planeta que caracteriza as energias de Daat é Plutão, regente do signo de Escorpião. Pltão domina os setores da vida mais misteriosos e incontroláveis, que incluem a morte e o sexo. Plutão caracteriza as energias da transcendência, transformação radical (diferente de Urano, Plutão provoca a morte de algo para renascer diferente, Urano provoca a mudança). Com o planeta Plutão ascendemos espiritualmente, mas também chegamos às profundezas da degradação. Com Plutão, tudo ocorre no subterrâneo, todas as manifestações de poder autoritário, manipulador e controlador, o sadismo, o masoquismo, as perversões, o abuso de poder são suas manifestações que podem ser transformador e renovador, ou perverso e cruel. A característica que o planeta característica é o desejo de estar no controle.  É uma energia controladora e forte, existente para desempenhar a função de unir o Fluxo Mental aos Fluxos Emocionais. Uma força impulsionadora, integradora e energizante. As teorias filosóficas de Kant e de Piaget encontram nesse ponto um abismo de entendimento. Em Kant, ele não desenvolve o entendimento de como a intuição pura se liga às categorias apriorísticas do entendimento, e escreve em seu livro, A Crítica da Razão Pura, “é uma atribuição que ficará guardada na impenetrável alma humana.” Em Piaget, na Epistemologia Genética, desenvolve a idéia das invariantes funcionais de assimilação, acomodação e adaptação para a criação de conceitos e modificação dos esquemas mentais, mas também não desenvolve o mecanismo como a adaptação modifica os esquemas mentais. A Sefirá de Daat explica esses processos.  É necessário energias caracterizadas pelos atributos associados a Plutão, para que o mundo mental se ligue ao mundo emocional para “dar vida” às inspirações estruturadas do mundo mental. Nesse ponto a sabedoria é criada, depois que o pensamento se una às emoções.

Em Luzzatto, op. cit., encontramos a essência do homem e que explica o uso da Nefesh Elokit e a Nefesh Behamit: Os homens "são como as estrelas do céu, podendo se elevar às alturas, e como as areias da terra, descendo a grandes profundidades. Na verdade, A Sabedoria Divina decretou a verdadeira essência do homem como nobre e exaltada, mas Ele primeiro a rebaixou, de modo que o mal pudesse dominá-la. Quando o homem se rebaixa, ele é a mais baixa de todas as criaturas, mas quando ele alcança a perfeição e completude, ele retorna ao seu estado preliminar e verdadeiro, e eleva-se acima de tudo, ascendendo a um nível não alcançável por nenhuma outra criatura." Direcionar as inspirações da Chochmá, pode nos levar ao mais alto grau de espiritualidade, como ao mais baixo dos mundos.

Vamos agora aplicar os conceitos estudados até aqui ao modelo de Edgar Morin, o pensamento complexo, para poder integrar todos os conceitos num único sistema de compreensão. A idéia é usar os princípios de sua metodologia para ter um olhar mais amplo sobre essa primeira parte de estudo sobra a Árvore da Vida, Faremos isso em cada Fluxo da Árvore e depois de terminado, na dinâmica do sistema como um todo. Antes, vamos recordar o modelo de Edgar Morin.

Morin construiu um edifício sólido de uma nova estrutura de pensar nesse novo tempo de incertezas, globalizações, internalizações e reflexo do ser humano em toda essa mudança econômica e social mundial, além dos efeitos no ser humano, os quais não progrediram na mesma velocidade de suas ambições com os acontecimentos. Estou utilizando o Método, por ele escrito. Obra iniciada no começo da década de 80. São cinco volumes tratando de cada face da vida e a necessidade do homem mudar a forma de pensar e a visão do que é o mundo nesse século.
Escolhi a obra de Morin para traçar um paralelo epistemológico do que estou encontrando na pesquisa da Cabala, cuja origem e desenvolvimento têm milhares de anos. O estudo de Morin são fragmentos abordados pela Cabala (não desmerecendo de forma alguma o colossal edifício construído por Morin, que mesmo sendo judeu não sei sobre seu conhecimento da Cabala). A Árvore da Vida (Ets Chaim) reúne os fundamentos da Cabala, talvez seja a parte prática e mística mais próxima do que o leigo possa assimilar da Cabala, mesmo tendo que se mergulhar nos fundamentos da mística judaica. A Árvore da Vida mostra-se como uma cadeia de DNA e os cromossomos em nossas células. Existe uma Árvore em cada Sefirá, e dentro de cada Sefirá, uma Árvore da Vida refletindo a energia cósmica divina da Criação, outras Árvores, como se fossem dois espelhos colocados frente a frente. A imagem do infinito. Talvez seja a única forma de nossa mente perceber a noção do infinito. Vendo refletido no espelho físico a lei da ótica de reflexão. Por enquanto, não tenho a capacidade de visualizar o infinito, mas tenho uma concepção. O infinito se faz pela alimentação-retro-alimentação, como num reflexo, causando um contínuo da natureza superior. Nada pode ter fim, se existir uma força re-alimentadora de sua existência, mesmo em nossa noção limitada de tempo e espaço.
A construção cabalística da Árvore da Vida (Árvore das Vidas) obedece aos princípios do pensamento complexo proposto por Edgar Morin. A constituição do sistema cabalístico de autoconhecimento/mudança e o mecanismo das energias cósmicas no ser humano podem ser entendidos pelo funcionamento, sem se referir ao conteúdo místico/filosófico, como sendo um sistema que adota a inteligência complexa. Os princípios do pensamento complexo: 1) sistêmico; 2) hologrâmico; 3) retroativo; 4) recursivo; 5) auto-ecoorganizador; 6) dialógico e 7) reconstrutivo. Seguindo esses princípios, encontramos na construção da Árvore da vida, respectivamente aos princípios apresentados: 1) liga o conhecimento das partes ao todo, sendo que a organização de um todo produz qualidades ou propriedades novas (a confrontação entre as sefirot faz surgir qualidades diferentes às existentes em cada sefirá isoladamente); 2) a abordagem de que as partes constituem o todo e o todo está contido nas partes, sendo necessário o conhecimento isolado das partes e do todo (cada sefirá contém uma Árvore idêntica ao organismo global) ; 3) a análise da retroação entre sefirot de um mesmo nível espiritual mostra a existência auto-reguladoradora do nível de consciência, inclusive com instrumentos reguladores próprios (sefirot equilibradoras do fluxo energético); 4) os processos recursivos pela ação das sefirot, provocam a auto-produção e auto-organização dos níveis de consciência pessoal; 5) A autonomia dos processos psíquicos dos níveis de consciência são autônomos / dependentes dos estados energéticos das sefirot, realizando –se a auto-produção, porém dependente do nível de consciência e dos estados energéticos das sefirot envolvidas; 6) A dialógica é o processo pelo qual ocorre a mudança interna, provocando desordem à partir da ordem e através da auto-regulação, produzindo a auto-organização da consciência comum em busca da primordial; 7) finalmente, como último princípio de um conhecimento complexo, a Árvore da Vida não é estática como a astrologia dos nossos dias. O zodíaco é estático. As posições planetárias são fixas não variando ao longo da vida, tornando-se um sistema engessado (mesmo com todos os recursos de progressões secundárias, trânsitos, sinastrias, revolução solar, etc). A Etz Chaim é dinâmica, em constante reconstrução e tradução, acompanhando o desenvolvimento da consciência comum em busca da primordial. Queremos com esse paralelo mostrar o caráter da inteligência complexa inserida no modelo da Árvore da Vida. Edgar Morin escreve: “Nossa lucidez depende da complexidade do modo de organização de nossas idéias”.

Os princípios da complexidade para a modelagem do Fluxo Mental nesse sistema: 1) sistêmico: liga o conhecimento das partes ao todo, sendo que a organização de um todo produz qualidades ou propriedades novas (a confrontação entre as sefirot faz surgir qualidades diferentes às existentes em cada sefirá isoladamente); 2) hologrâmico: a abordagem de que as partes constituem o todo e o todo está contido nas partes, sendo necessário o conhecimento isolado das partes e do todo (cada sefirá contém uma Árvore idêntica ao organismo global); 3) retroativo: a análise da retroação entre as Sefirót de um mesmo nível espiritual mostra a existência auto-reguladoradora do nível de consciência, inclusive com instrumentos reguladores próprios (as Sefirót equilibradoras do fluxo energético); 4) recursivo: os processos recursivos pela ação das sefirot, provocam a auto-produção e auto-organização dos níveis de consciência pessoal; 5) auto-ecoorganizador: a autonomia dos processos psíquicos dos níveis de consciência são autônomos / dependentes dos estados energéticos das sefirot, realizando-se a auto-produção, porém dependente do nível de consciência e dos estados energéticos das sefirot envolvidas;; 6) dialógico: a dialógica é o processo pelo qual ocorre a mudança interna, provocando desordem à partir da ordem e através da auto-regulação, produzindo a auto-organização da consciência comum em busca da primordial; e 7) reconstrutivo: finalmente, como último princípio de um conhecimento complexo, a Árvore da Vida não é estática como a astrologia dos nossos dias.

Analisando o Fluxo Mental através dos Princípios da Complexidade

O modelo sistêmico da Árvore da Vida é uma metodologia mística e didática para entender as forças de D´us. As energias descritas na Árvore da vida não são isoladas como no esquema apresentado do sistema. As energias são uma só, a Luz de D´us, que age em todos nós desde o nascimento até a morte e depois como almas a voltarem ao Tikun (reparo, conserto). Assim, em cada Sefirá contém outas Árvores da Vida, formando um sistema amplo, abrangente e totalmente integrado entre suas partes. Por isso os caminhos entre as Sefirót, todas as energias estão ligadas, funcionando simultaneamente e nem sempre na ordem em que explicado na Árvore da Vida. É uma complexidade de mecanismos e movimentos, entre o Mental, Emocional e Espiritial.
O entendimento hologrâmico da Árvore da vida é de que, sendo uma única luz, cada uma das energias contém a Luz divina da Criação, como na Luz estão todas as energias didaticamente isoladas, além do que, na Árvore da vida, e em especial o nosso foco agora, o Fluxo Mental, em casa Sefirá está o Fluxo Mental como um todo, assim como o Fluxo Mental está constituído pelas sefirót que o compõe.
O princípio retroativo é o abandono do princípio de causa e efeito linear. A causa age sobre o efeito e o efeito age sobre a causa, desenvolvendo um processo de autoregulação própria entre as energias das Sefirót. Homoestia é o nome que se dá a esse processo autoregulador. As energias de Chochmá “pescam” através das Neshamot (almas),  a inspiração, que livre e independente é canalizada pela Sefirá de Biná. Esse processo não é linear, mas circular, como se a inspiração fosse que ir se modificando até que a Biná a aceite. É um processo de ida e volta entre Chochmá e Biná para que a inspiração se transforme num pensamento. As Sefirót são energias retroativas que se auto-regulam através de um processo de adaptação da inspiração provocada pela Chochmá. É um processo dinâmico e não linear e dependente do livre arbítrio de cada um.  Daat é a Sefirá que comanda esse movimento retroativo entre Chochmá e Biná, dando em um momento foco em uma e em outro momento foco em outra Sefirá, até que o equilíbrio se instale e o Fluxo Mental se estabeleça. Ao mesmo tempo em que o dinamismo de adaptação da Inspiração está acontecendo, ocorre a ligação do Fluxo Mental ao Fluxo Emocional, e é por isso que somos bombardeados a todo momento pelas mudanças que a Inspiração está sendo submetida. A auto-regulação do Fluxo Mental envolve todo nosso ser, a mente e as emoções enquanto a Inspiração vai sendo adaptada ao nosso ser.
O princípio recursivo se refere a processos de autoprodução e auto-organização interna do sistema. É umm circuito gerador em que osprodutos e efeitos são, eles mesmos, produtores e causadores daquilo que os produz. Assim, com a recursividade entre Chochmá, Biná e Daat, para a autoregulação das Inspirações causadoras do início do processo, a recursividade provoca a aoutoprodução e auto-organização do sistema do Fluxo Mental para a geração de uma Inspiração que provoque o entendimento e criação da sabedoria em Daat.
O princípio de autonomia e independência analisa o fluxo energias, informações e organização para a auto-produção. A autonomia é inseparável dessa dependência, isto é, as Sefirót mantêm a autonomia de funcionamento particular, mas ao mesmo tempo só são autônomos por provocar a dependência entre as energias geradoras do sistema para produzir o efeito final de geração da sabedoria. Não existe a dependência sem a autonomia e não existe a autonomia sem a dependência, são alimentadores das próprias atividades. A autonomia e a dependência criam um estado de auto-ecoorganização sistêmica do processo Mental.
O princípio dialógico constitui-se em interretroações produzindo a organização entre os elementos do sistema numa desordem / ordem / organização. É como o balançar de um balde cheio de cubos. Os cubos só vão se encaixar uns aos outros, ocupando os espaços específicos de organização, com o chacoalhar do balde.  Processos de desorganização interna afetam todas as energias para trabalharem num objetivo único até encontrar o equilíbrio do sistema. Assim, a Chochmá gera uma Inspiração provocada pela Nefesh Behamit, uma inspiração voltada para o ego, egoísta. A Biná irá permitir a existência dessa inspiração se alcançar um entendimento direcionado para um objetivo, Daat irá equilibrar as energias de Chochmá e Biná para fazer essa inspiração, que agora é um entendimento, para gerar uma sabedoria, porém, no momento em que Daat fizer a ligação do Fluxo Mental ao Fluxo das Emoções, essa sabedoria era provocar danos ao organismo, pois é uma sabedoria maléfica ao sistema da alma. Nessa desorganização gerada pela última etapa, se a pessoa está num trabalho contínuo de elevação espiritual, essa sabedoria criada vai sofrer mudança. O processo retorna ao princípio para anular essa energia gerada e provocar uma energia benéfica para a alma. O processo para alcançar o equilíbrio e tranqüilidade se dá através dessa dialógica.
Enfim, o princípio da reintrodução do conhecimento, em que todo conhecimento é uma reconstrução e tradução. É o aprendizado com o processo dialógico do princípio anterior. Todas as Sefirót, pelo princípio hologrâmico, guardam as experiências da desordem provocada pela dialógica e desenvolvem uma memória em que é guardada a sabedoria do processo de escolher as Inspirações de ordem benéficas. Se estamos num trabalho contínuo de elevação espiritual a reintrodução do conhecimento memorizado é automático e ágil.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Capítulo 2 - D Continuação 2 : A Sefirá de Daat e finalização do Fluxo Mental

4) Os Portais da Santidade de Moshe Chayim Luzzatto
Adotamos o livro Caminhos dos Justos por achar nele subsídios para o comportamento ético e moral, os quais levam a uma elevação espiritual, um estado de espírito que facilita a quem está querendo trilhar esse caminho, para dar suporte, uma base de comportamento, onde as energias das Sefirot podem fluir com mais facilidade. Vamos exemplificar. Se um jovem está com vontade de cursar uamá faculdade de direito, q que diríamos a ele para aproveitar o curso? Qual o posicionamento pessoal perante o que vai ser estudado no curso, que o jovem deveria ter para aproveitar mais eficiente o aprendizado? Bom, diríamos ao jovem pretendente a operador da direito, mantenha uma posição crítica quanto aos fundamentos e princípios do direito, seja pragmática na aplicação da regulamentação jurídica, seja uma pessoa lógica e racional, observe os fatos, analise as conseqüências dos atos e aplique a legislação. O mesmo não seria dito se a vontade fosse de fazer um curso de filosofia. Talvez o conselho fosse se ser crítico, mente aberta, aceitar outros pensamentos, e decidir  qual razão lhe traz um juízo mais acertado, seja um criador de idéias. Assim, no estudo da cabala, decidimos analisar, também, um livro que desenvolvesse o posicionamento de uma pessoa para estudar e exercer o misticismo.
O Ramchal (Moshe Haim Luzzatto) era um profundo estudioso da Cabala, escrevendo livros não só defendendo o estudo do misticismo, como também escreveu livros abordando os mistérios da Providência Divina. Foi tamanha a repercussão de seus escritos, os quais chegavam a abordagens puramente místicas, que os rabinos da época se viram forçados a emitir uma carta de excomunhão em virtude do impacto que começava a provocar. Muitas são as referências de estudiosos cabalístas, dizendo que os Portais da Santidade definidos por Ramchal, fazem parte da Cabala, porém escritos de forma disfarçada abordando a moral e ética. Ramchal dizia que os homens se dedicavam ao estudo, porém não à essência da vida, não procurando a verdadeira integridade e a profunda devoção a D´us. Escreveu, então, o Caminho dos Justos.
Na introdução do livro de Ramchal, o rabino alerta para algumas coisas no serviço de devoção a D´us:
a)        Os sentimentos de santidade temor e amor a D´us e a pureza de coração não estão enraizados na pessoa de forma natural a tal ponto que não necessite esforços para adquiri-los.
b)       O que dizer acerca das virtudes de caráter, tão carentes de correção e aperfeiçoamento? Se a elas não nos dedicarmos com empenho e se não as sujeitarmos a rigorosa análise, quem poderá corrigi-las? ... Como está escrito em Provérbios caítulo 2, versículo 4, de acordo com Salomão: “Se você o buscar como quem busca a prata e o procurar com quem procura um tesouro, então você compreenderá o temor a D´us”.
c)        Em Deuteronômio capítulo 10, versículo 12, Moisés diz: “E agora, ó Israel, o que pede de ti o Eterno, teu D´us? Senão que O temas, que andes por Seus caminhos, ames e O sirvas, com todo seu coração e com toda sua alma;que guardes Seus mandamentos e Seus estatutos...”. Nesta frase se encontram todos os aspectos da perfeição no serviço Divino, realmente apropriados em relação ao Santíssimo, ou seja, temer a D´us, caminhar por Seus caminhos, dedicar-lhe amor e devoção e cumprir Seus mandamentos.
Vamos entender o que é esse primeiro portal da Santidade: A Precaução
No livro de Ramchal, o tratamento a cada portal é feito de maneira didática: os conceitos da atitude para alcançar os caminhos, como alcançar o senso desses conceitos, os fatores que impedem a aquisição do conceito e sua absorção para a vida. É tratado como se fossem os degraus para chegar ao objetivo final, que é o Ein Sof, e não deixam de ser verdadeiros degraus para a evolução espiritual.
Inicialmente, Ramchal discute o dever do homem no mundo e a finalidade de sua criação. Isso é imprescindível para entendermos nosso papel na vida e nosso dever, mais que isso, obrigação, de evoluir espiritualmente.
Darei em itens conceituais as colocações de Ramchal.
I.                     O Dever do homem no mundo:

1.        Perceber claramente e reconhecer como absoluta verdade a natureza de seu dever no mundo e a meta à qual deve voltar a sua atenção e dirigir seus esforços em tudo o que fizer por todos os dias de sua vida.
2.        O homem foi criado com o único propósito de regozijar-se em D´us e obter prazer do esplendor de Sua presença.
3.        A união com D´us constitui a verdadeira perfeição; como disse o rei Davi (Salmos 73:28):”Mas, quanto a mim, ma proximidade do Eterno, está a a felicidade que aspiro...”, e (Salmos 27:4): “Um anseio manifestei ao Eterno e sua realização buscarei: que eu habite em Sua morada por todos os dias de minha vida...”. Lembremo-nos que a vida mundana não precisa ser abandonada para a vivência em D´us, Davi era rei de Israel, suas responsabilidades do dia-a-dia com a realidade eram imensas.
4.        O homem foi colocado no meio de uma feroz batalha. São os desejos e anseios terrenos que, se a eles o homem se entregar, farão com que se afaste e mais e mais se distancie do verdadeiro bem. Os acontecimentos terrenos, sejam para o bem ou para o mal, são provações e testes. Como disse Salomão (Provérbios 30:9): “Isto para que, estando farto, eu não seja tentado a renegar-Te dizendo: ‘Quem é o Santíssimo? ’.  Se o homem sair vitorioso das batalhas à sua frente e às suas costas, saíra Íntegro. Assim, quando o homem conseguir reprimir suas tendência malévolas e seus desejos terrenos, e se abstiver de envolvimento com os fatores que o afastaram do bem, ele alcançar esse objetivo e com ele se regozijará.
5.        Se através do autodomínio, o homem vence os obstáculos com que se depara e se une ao seu Criador, usando o mundo apenas em seu serviço a D´us, ele é levado e o próprio mundo é levado com ele. Em relação à luz que o Eterno reservou aos justos (Talmud, Chaguigá 12a): “Quando o Santíssimo viu a luz que havia reservado aos justos, Ele se regozijou, como está dito (Provérbios 13:9): “A luz dos justos traz alegria...”.
6.        Outra colocação de Ramchal, que fortifica os princípios da Cabala, é sobre tudo que existe ter vindo de D´us. Quando o Santíssimo criou Adão, Ele o tomou e fê-lo andar diante todas as árvores do Jardim do Édem. Disse-lhe, então: “Veja quão belas e louváveis são Minhas Obras; e tudo aquilo que Eu criei foi para o teu bem. Tome cuidado para não danificar e destruir o Meu mundo”.
7.        Uma colocação importante de Chamchal, que dá à Cabala o valor de instrumento de aperfeiçoamento para a elevação espiritual, corrigindo traumas, inseguranças, desvios de rumo é o que dia com realção aos objetivos do homem nesse mundo. “Tudo que possa representar um meio para conseguir-se tal proximidade [de D´us], deveria ser buscado e mantido pelo homem, que tudo deveria fazer para não perdê-lo, por outro lado, o homem deveria fugir do que pudesse representar um obstáculo a este objetivo, assim como se foje do incêndio. Como está escrito (Salmos 63:9): ‘Minha alma a Ti se une, e Tua Destra me sustenta’. O homem é trazido a este mundo somente para este propósito, o de encontrar essa proximidade, libertando sua alma de todos os impedimentos que a acometam e de tudo aquilo que posa vir a afastá-la desse objetivo.
Esses itens colocados com relação aos objetivos da criação do homem e seu dever dão suporte aos estágios de elevação do homem em direção à D´us. Este estágios são os seguintes: a precaução, a presteza, a integridade, a separação, a pureza, a devoção, a humildade, o temor ao pecado e à transgressão, e a santidade.
A cada Fluxo Energético da Árvore da Vida, estabeleceremos uma íntima ligação entre cada estágio do modelo de Chamchal e suas energias. Os objetivos entre os estágios descritos por Ranchal e atividade de reconhecimento das energias Sefiróticas são a mesma, a proximidade com a Santidade, fazendo com que nossa alma seja lavada, nossas imperfeições sanadas, a espiritualidade elevada e alcançar a felicidade em D´us.
II. O Primeiro Estágio: A Precaução
A precaução está relacionada ao fluxo mental. É onde, energeticamente as inspirações são filtradas, transformadas em entendimento e criada a sabedoria. Se tudo isso feito com precaução, a sabedoria criada será sempre para o bem. As virtudes obtidas para a prática do bem ao próximo e ao mundo.
O conceito de Precaução indica que o homem precisa ser “ cauteloso em suas ações e empreendimentos; isto é, que ele pondere e esteja vigilante tanto em relação a seus atos como a seus caminhos, avaliando-os de forma a não sujeitar a sua alma a perigo, e que não se conduza simplesmente por impulsos estabelecidos por hábitos, tal como um cego em total escuridão”.
“...seguindo seus caminhos [o homem] sem se permitir o tempo necessário para sua avaliação, resultando daí se voltarem para o mal sem se quer perceberem-no. Está é, na realidade, uma das mais engenhosas artimanhas da inclinação para o mal, exercer permanente e ininterrupta pressão sobre o coração dos homens, não lhes deixando tempo para analisar e observar o tipo de vida que estão levando.”
“É exatamente esta artimanha que a inclinação malévola emprega contra o homem; pois ela age como se fosse um guerreiro especializado em engano e falcidade. Dela não se consegue escapar sem uma boa dose de sabedoria e uma visão mais profunda. Como somos exortados pelo profeta (Agai 1:7): “Preste atenção aos seus caminhos”. E como disse Salomão, em sua sabedoria (Provérbios 6:4): “Não permita o sono aos teus olhos e nem o descanso às suas pálpebras.”
Este é o sentido da Precaução. O vigiar-se, analisar-se, avaliar-se. Estar e constante vigilância de seus pensamentos e atos resultantes das decisões.

III.  Os Aspectos da Precaução
Para vigiar-se a si mesmo é necessário considerar dois aspectos:
a) Analisar com espírito crítico o que é o verdadeiro bem, para buscar a sua prática, e o que é o verdadeiro mal, para dele se afastar.
b) Analisar seus atos, para descobrir se estão enquadrados numa ou noutra categoria. Isto é válido tanto para uma ação específica quanto para a generalidade do comportamento.
“O homem deveria observar todas as suas ações e vigiar todos os seus caminhos para não se permitir sequer um mau hábito ou um traço negativo, sem falar de um pecado ou uma transgressão.”
“ A inclinação maligna literalmente cega, e os que por ela estão subjugados assemelham-se aos que marcham nas trevas, por caminhos repletos de obstáculos, que seus olhos não conseguem perceber... Assim como nossos sábios, diziam (Guemará – Baba Metsia 83b):” ‘Estendes o manto da escuridão e faz –se a noite.’ (Salmos:104, 20). Isto se refere ao nosso mundo, que se assemelha à noite. Quão maravilhosa é a verdade desse comentário para aquele que se empenha em compreendê-lo! A escuridão da noite pode provocar nos olhos humanos dois tipos de erros:
1) Ela tanto pode impedir alguém de enxergar o que esteja à sua frente,
2)  Como pode provocar uma ilusão, dando-lhe, por exemplo, a impressão de que um pilar é uma pessoa, ou vice-versa. De forma semelhante, as coisas terrenas e o materialismo deste mundo representam a escuridão da noite aos olhos da mente, levando o homem a errar duplamente.


5)  A Meditação Cabalística
A meditação cabalista se baseia no exercício das faculdades dos sentidos para alcançar a expansão da consciência. Assim, por exemplo, para desenvolver a imaginação, que é uma porta para o transcendente, uma meditação utilizada é pensar no espaço. Mentalmente imaginamos o espaço ser cada vez mais imaginado mentalmente, alargando a consciência espacial de tudo à nossa volta. Começando pelo ambiente que nos encontramos, imaginamos os outros cômodos, a rua, as ruas adjacentes, o bairro...até chegar a imaginar o planeta sem que percamos todo o espaço que percorremos, à partir do espaço que ocupamos.
A meditação é uma prática que vem se tornando cada vez mais difícil nos dias de hoje. Estamos preocupados com o agora, o aqui, o concreto, o dia-a-dia, e vamos perdendo a capacidade, por falta de utilização, de imaginar. Imaginar o irreal, o abstrato, o impossível pelas leis físicas que conhecemos.
Einstein tinha uma capacidade incrivelmente desenvolvida para a imaginação. Imaginava as situações antes de elaborar uma explicação científica, elaborar uma nova lei da física que ampliasse as leis conhecidas. Como imaginar que o tempo e o espaço curvam-se ao longo do Universo? Somente com uma mente aberta, sem obstáculos ao impossível, sem que o superego restringisse essa atividade de pensar no inimaginável. Isso é meditar.
Como podemos lançar mão de algo que possa nos auxiliar nesse processo tão importante de invocar inspirações da energia cósmica, de D´us, do Ein Sof? Como contornar esse fechamento de nossas mentes por causa desse mundo tão agitado e demasiadamente concreto que vivemos?
       
Um processo antigo, que nos leva à Grécia antiga, é a hipnose. A hipnose, voltou a ser questionada nos estudos de Freud, porém a abandonou, pois estudava as doenças mentais, e doentes mentais não são susceptíveis à hipnose dada a dificuldade em concentração. Porém, mentes sadias, por menos que possuam a capacidade de concentração, sempre existe o mínimo necessário para o exercício da hipnose.
A hipnose é um estado de concentração focada em um determinado objeto de interesse. O sono caracteriza-se por uma concentração decrescente, ao passo que o estado hipnótico é marcado por uma concentração crescente. Os dois estados caracterizam-se por um relaxamento dos diversos grupos musculares, quanto mais relaxado no sono, menor a concentração, quanto mais relaxado no estado hipnótico, maior a concentração. A hipnose é um estado mental elevado, isto é, um estado psico-sensorial superior, onde a percepção, a memória e a capacidade de compreensão se tornam mais profundos. A hipnose propicia um estado de percepção para o nosso objetivo, enquanto o sono é um estado mental difuso, generalizado, disperso, em que o objetivo e o descanso físico e mental. Na hipnose, os métodos de acesso ao inconsciente provocam uma atividade de recepção extremamente aguçada. O teste com eletro encefalograma mostra que as ondas cerebrais constituem-se as mesmas em estado hipnótico que o estado de vigília, enquanto durante o sono as ondas são marcadamente diferentes.
O que propomos aqui é o desenvolvimento da atividade de auto-hipnose para induzir-se mais facilmente o estado de meditação. Para entendermos como funciona o processo hipnótico vamos estudar as suas etapas de aplicação. Todas as técnicas meditação proporcionam aos seus praticantes sérios uma intensa experiência pessoal, a oportunidade de se atingir outro plano de consciência. Não há dúvida que cada uma delas produz efeitos terapêuticos benéficos. O objetivo de se lançar mão da auto-hipnose é de obter o mesmo resultado da meditação ou como indução para a meditação. Na meditação utiliza-se muito a associação a imagens e figuras simbólicas para atingir os objetivos a que se propões, na auto-hipnose utiliza-se o silogismo da lógica formal e a sugestão para a mente receptiva neste estado.
Podemos dividir a hipnose em cinco etapas: 1) indução ao estado hipnótico, 2) uso do silogismo, 3) a auto-imagem e 4) implantação de sugestões pós-hipnóticas e emersão do estado hipnótico.
    1) Indução – A indução são métodos para que foquemos a nossa concentração em um único pensamento. É a indução ou a preparação para deixar-se em estado de consciência elevada. Existem diversos tipos de técnicas de indução, muitas das quais através da visão, como por exemplo, olhar fixamente discos giratórios, metrônomos, relógios presos na ponte de uma corrente, etc. A monotonia que vem da concentração desses objetos induz o indivíduo ao estado hipnótico. A técnica de indução mais rápida e eficaz é a chamada técnica de levantamento dos olhos. Sucintamente vamos descrever. Levantar o olhar em direção às sobrancelhas e, cada vez mais, em direção ao alto da cabeça. Manter os olhos naquela posição, fechar as pálpebras lentamente, inspirar e prender a respiração. Expirar, relaxar os olhos e deixar que o corpo todo “flutue”. Ao mesmo tempo, imaginar-se em uma praia ou qualquer outro lugar agradável onde se sinta confortável e tranquilo.

   2) Silogismo – Após entrar no estado hipnótico através da indução, estamos aptos para iniciar a hipnose. O próximo passo é o silogismo, a pedra angular da lógica dedutiva. Vamos dar um exemplo clássico de um silogismo:

“Sócrates era um homem”.
“Todos os homens são mortais”.
“Logo, Sócrates era mortal”.

Vemos que o silogismo é o uso da lógica para incutir uma proposição. A informação Sócrates era um homem, é bem aceito bem inconsciente, nada contradiz essa informação. O axioma, todos os homens são mortais, é uma informação carregada com uma informação com predicado que associa homem à mortalidade, e o sologismo final para fechar o raciocínio, uma imposição, é de que Sócrates é mortal. É como driblar o inconsciente para aceitar essa inrmação, já que aceitou as duas anteriores.
     Se quisermos usar o silogismo para incutir uma sugestão para alguém que quer emagrecer, o silogismo seria o seguinte:
               “Para o meu corpo, certos alimentos e o excesso alimentar  são prejudiciais.”
                “Necessito do meu corpo para viver.”
                “Logo, se desejo viver, tenho de proteger o meu corpo.”

                3 – Auto-imagem

Com a auto-imagem, na hipnose, a atividade é de fazer a pessoa ver-se a sí mesma. O trabalho é de criar a imaginação de estar vendo a si mesma e analisar-se como se vista de fora, por exemplo , refletida num espelho e daí destacar-se desse espelho para criar uma imagem viva.

4 – Sugestões pós-hipnóticas – Após o silogismo e a auto-imagem vêm as sugestões que deverão ser cumpridas pelo indivíduo quando ele emergir do exercício hipnótico, que podem ser a sugestão para facilitação na meditação, ou um insight ligado a alguma energia enfraquecida, que foi identificada na Árvore da Vida calculada pela astrologia cabalista.

5 – Emersão – A última etapa é a emersão do estado hipnótico. Aqui o procedimento é o inverso ao realizado na indução hipnótica.

Todo o trabalho de hipnose será exaustivamente analisado no final do estudo da cabala, aqui colocamos apenas como menção alternativa à meditação, ou complemento de exercícios cabalísticos.

No próximo capítulo, juntaremos todas as questões discutidas até aqui sobre o Fluxo Mental, organizando num sistema único todo o processo dinâmico de criação da sabedoria. Utilizaremos os conceitos das energias das Sefirot, o elemento fogo do caminho entre Chochmá e Biná, os planetas nas Sefirót e o processo meditativo utilizando a auto-hipnose, para posteriormente espelhá-la no modelo de Edgar Morin.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Capítulo 2 - D Continuação : A Sefirá de Daat


        3.     Os Planetas e os Elementos Astrológicos
Temos formado o Fluxo Mental com as três Sefirót: Chochmá, Biná e Daat. Inspiração, Entendimento e Sabedoria. Respectivamente, os planetas astrológicos associados são: Urano, Saturno e Plutão. Na astrologia cada planeta rege um determinado signo. Isso significa que a cada constelação da eclíptica (caminho que o sol faz no céu, passando pelas constelações), tem associado um planeta. Nos caminhos entre as Sefirót, estão posicionados os signos. Assim, cada caminho, além das Sefirót, também é regido pela qualidade do planeta que lhe é associado. Entre as Sefirót de cada fluxo (mental, emocional interiorizado e emocional exteriorizado), os caminhos são regidos pelos elementos astrológicos: fogo, ar e água. O elemento terra é associado a última Sefirá, Malchut.
A Cabala diz que reencarnamos no momento exato em que teremos a localização astrológica mais favorável para superar as limitações que detiveram o crescimento de nossa alma no passado. Assim, analisar a Árvore da Vida com os planetas posicionados no momento de nosso nascimento é saber todo o nosso potencial para crescimento e elevação espiritual de nossa alma.
Nesse ponto estamos estudando a Árvore da Vida em sua constituição básica, sua estrutura, para depois entendermos como utilizá-la como mapa que guia nosso caminhar, as escolhas que a pessoa fez na outra vida e sugere que rotas ela pode seguir agora para chegar ao melhor destino da viagem espiritual.
A astrologia cabalística pretende olhar o Homem na sua relação com o Universo, desde um ponto de vista espiritual. Cada planeta possui sua característica energética àquela representada pelas Sefirót, que também são modelos dessa energia. Por isso que o estudo da astrologia nos ajuda a compreender a Cabala e vice-versa: cada Sefirá é representada por um planeta, cada planeta representa uma Energia Criadora. O cabalista, olhando o mapa e a arvore da vida de uma pessoa, determina qual o tipo de desiquilíbrio energético que impede o alcance e a realização de um determinado desejo, desenvolvimento ou dificuldade de lidar com alguns aspectos da vida. O principal trabalho do cabalista, quando analisa o mapa de uma pessoa, é saber quais os obstáculos a serem superados nesta encarnação, os Chamados Tikunim (plural de Tikun, correção). Cada signo astrológico, além de estar relacionado a um planeta regente, está relacionado com uma letra do alfabeto hebraico, por exemplo, Àries (cuja terminologia em hebraico é Talê) é regido por Marte e está associado á letra Hê, a quinta letra do alfabeto hebraico. Cada signo representa uma tribo de Israel, um dos doze filhos de Jacó, que na Torá está caracterizado na sua benção proferida a cada filho no momento de sua morte. Em nosso exemplo, Àries representa a tribo de Reuvem (Rubens).
No estudo dos Fluxos Energéticos, estaremos estudando os planetas, os signos, os elementos de cada Sefirá, caracterizando as energias que envolvem cada Sefirá, cada caminho e a relação entre eles dentro do fluxo.
No Fluxo Mental da Árvore da Vida que envolve as Sefirot de Chochmá, Biná e Daat, estaremos estudando o elemento astrológico fogo, representado pela letra Shin, e os três planetas, Urano, regendo Chochmá, Saturno, regendo Biná e Plutão, regendo Daat. Deixaremos para estudar os caminhos e planetas de Keter, a primeira Sefirá, no final do estudo, pois representa o Ein Sof.
Dadas as explicações iniciais, vamos iniciar a dissecar os componentes astrológicos do Fluxo da Mente.
        a)  O elemento Fogo, que caracteriza o caminho que liga Chochmá e Biná. Analisaremos o elemento estudando o efeito que causa na personalidade da pessoa, e isso caracteriza a energia do caminho. O tipo de fogo representa a iniciativa, o entusiasmo e a vontade. Fortalece a individualidade e o impulso para dar início aos projetos. A pessoa com Fogo dominante é alegre, apaixonada, conduz a sua vida de maneira espontânea e autoconfiante. A pessoa se move de maneira segura, sem se importar com as oposições e obstáculos. É como se a pessoa incorporasse toda energia desse elemento em sua vida. Precisam de espaço, liberdade e seu grande prazer é iniciar projetos novos, no geral são grandes realizadores. A impetuosidade está presente, o que pode incomodar pessoas mais sensíveis e acomodadas. O fogo é um elemento civilizador  por natureza, foi o fogo que permitiu todo o desenvolvimento tecnológico que conhecemos, mas a sua força destrutiva é igualmente poderosa. Em seu lado negativo, portanto, a impaciência e a impulsividade podem facilmente se transformar em agressividade e imprudência. A destrutividade pode se manifestar tanto no plano material como no dos sentimentos. São pessoas capazes de liderar positivamente grandes grupos, mas, às vezes, carecem de tato e consideração pelos outros, passando por cima de pessoas e sentimentos. Tradicionalmente, harmoniza-se com o elemento ar. Signos com o elemento fogo: Áries, Leão e Sagitário.
    b)  Outra característica astrológica é o ritmo astrológico. Ainda não lidaremos com essas características na análise do Fluxo Mental. Os ritmos são: dinâmicos, estáveis e adaptáveis. Os dinâmicos, chamados de cardinais na astrologia, são os signos: Áries, Câncer, Capricórnio e Libra. Os estáveis, os signos fixos, são: Escorpião, Touro, Aquário e Leão. Os adaptáveis, chamados de mutáveis, os signos: Peixes, Virgem, Gêmeos e Sargitário.
    c) Os planetas. No Fluxo Mental, a Sefirá de Chochmá, é regida pelo planeta Rurano, a sefirá de Biná, regida pelo planeta Saturno e a Sefirá de Daat, regida pelo planeta Plutão. Abaixo vamos analisar as energias envolvidas por esses planetas.
O Planeta Urano
A partir de Urano, na sequencia dos planetas do sistema solar, temos os planetas chamados “transaturninos”, ou “transpessoais”, porque de acordo com a astrologia, a influência daqui em diante é mais ampla e geracional (geração). Os planetas transpessoais são, Urano, Netuno e Plutão. Urano é o planeta do inesperado, do inovador, das mudanças repentinas e radicais. A eletricidade, as grandes revoluções científicas e sociais, as explosões, acidentes aéreos, tudo que se choca pelo inesperado, pela rebeldia. Sua energia é responsável pelo anticonvencionalismo, o anticonformismo. A sua influência faz com que as coisas nem sempre saiam como o esperado. O excesso de rigor e disciplina (caracterizado pelo planeta Saturno) é duramente testado e até destruído pela maneira explosiva com que às vezes essa energia se manifesta. Podemos interpretá-lo também como a oitava superior de Mercúrio, sendo, então, símbolo da comunicação e forma de pensamento transcendental de uma pessoa. É interessante esse aspecto no nosso estudo, pois estaremos analisando a Sefira de Chochmá, regido por Urano, através do pensamento de Kant, a análise transcendental da cognição.
O Planeta Saturno
Saturno é o segundo planeta explicitamente mencionado na Torá (a Bíblia hebraica), o primeiro foi Vênus. Em Amós, no capítulo 5, versículo 26, lemos: “Sim, levastes Sicute, vosso rei, e Caiwan, vosso deus-estrela, imagens que fizestes para vós mesmos”. Caiwan, ou Kaiwan, ou ainda Kiun, se refere, nas escrituras babilônicas, ao planeta mais lento cnhecido na época, ou seja Saturno. Sicute, que também aparece no versículo associada pelo profeta Amós a esse planeta, é o nome de Ninurta, deusa-planetária babilônica mesclada a Saturno. Os sírios e árabes continuaram usando o termo Kaiwan para falar de Saturno até os dias atuais. O termo se modificou para Kevan no Zoroatrismo.
Saturno é o senhor do tempo e também o cobrador de dívidas passadas. Onde temos Saturno a correção é cobrada e exigida de forma mais severa e às vezes de forma dolorida e pesada. A disciplina e a responsabilidade saturninas são, às vezes, duras e cruéis, mas nos fazem crescer e evoluir. Podemos dizer que Saturno é o pai severo, mas às vezes retribui com sabedoria e conquistas duradoras os sacrifícios impostos àqueles que têm influência saturnina em seu mapa. As lições de Saturno envolvem restrições, renùncias, perdas, disciplina rigorosa, ascetismo, reserva, discrição, economia (que, às vezes, beira a mesquinhez), medo, rigidez, persistência, atrasos, paciência, resignação a algo, alguém ou situação, doenças e perdas financeiras. É fácil entender porque Saturno ganhou a fama de maléfico. Embora seu modo de ensinar seja sofrido e desagradável, é ele que nos ensina o valor real das coisas, principalmente aquelas obtidas à custa de muito esforço e paciência.
O Planeta Plutão
O temido planeta longínquo é regente de Escorpião, domina os setores da vida mais misteriosos e incontroláveis, que incluem a morte e o sexo. Tudo que leva à transcendência e à transformação radical carrega a energia plutoniana. Enquanto Urano representa mudança. Plutão representa transformação. Com esse planeta ascendemos espiritualmente, mas também chegamos às profundezas da degradação. Tudo o que ocorre no subterrâneo, todas as manifestações de poder autoritário, manipulador e controlador, o sadismo, o masoquismo, as perversões, o abuso de poder, são a manifestação dessa energia, que pode ser transformador e renovador, ou perverso e cruel. Temos aqui a oitava superior de Marte, só que, enquanto Marte a manifestação de Marte é franca e direta, a de Plutão é oculta e misteriosa. O desejo de Plutão é estar no controle.

 Temos agora os conceitos das Sefirót que compõem o Fluxo Mental. Os planetas que caracterizam a essência das Sefirot, Oe elementos astrológicos das energias. Vamos estabelecer um dinamismo de comportamento das Sefirót, que até agora foram consideradas como figuras representativas de energias, mas que na verdade são órgãos da fisiologia da alma, com dinamismo e em funcionamento e mudança constante.
O trabalho de síntese que foi visto até agora, vai ser de visualizar a Árvore da Vida, no Fluxo Mental, por enquanto, para integrar todas as partes constituintes e entender os conceitos integrados do modelo da Árvore a astrologia, as letras hebraicas. Desenvolveremos no capítulo em continuação, uma parte específica para fazer essa análise integrativa.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Capítulo 2 - D : A Sefirá de Daat

Sefira de Daat
Alguns assuntos para relembrar: no capítulo anterior desenvolvemos o conceito da Sefirá de Biná, a energia de entendimento dentro do fluxo do pensamento. Nessas duas Sefirót representam as energias da inspiração e entendimento no homem. Foi explicado o significado da letra hebraica Aleph, que “inspira” o entendimento da Nefesh Elokit e Nefesh Behamit na Sefirá de Chochmá e é na energia de Biná que esse entendimento é gerado.O “caminho” entre Chochmá e Biná é caracterizado pela letra hebraica Shin, que será explicado no início desse capítulo. Esse caminho é equilibrado pela energia representada pela Sefirá de Daat. Nesse capítulo além dos conceitos que envolvem a Sefirá de Daat, começaremos a analisar os caminhos entre as Sefirot, os planetas que fornecem o “pano de fundo” para as energias da Sefirá, e que na astrologia cabalística serve para entender as necessidades mais profundas, as necessidades da alma. Outro assunto a começar ser estudado nesse capítulo é sobre a maneira como as mudanças podem começar a ser realizadas em nossa natureza. Isso será feito analisando a obra de Moshé Chaim Luzzatto em seu livro O Caminho dos Justos, nascido na Itália em 1707. Luzzatto escreveu sobre dez portais que levam à santidade, e esses portais, que na verdade são atitudes perante a vida, serão estudados paralelamente a cada fluxo energético representado pela Árvore da Vida, para que se comece a estabelecer um dinamismo para as mudanças internas.
Assim, a partir da Sefirá de Daat neste capítulo, que completa o Fluxo Mental, temos um processo de análise para estabelecer o conhecimento para o processo de entendimento interno: 1) o conceito e energias envolvidos na Sefirá, 2) o caminho estabelecido pelas Sefirot, representados pelas letras hebraicas e seus significados, 3) as meditações para a acomodação do significado das energias cósmicas em nosso pensar, 4) os planetas que caracterizam cada Sefirá, e com isso, a essência das energias de cada Sefirá, e 5) o portal da santidade de Luzzatto, que é o nosso posicionamento perante a vida, para alcançar os níveis ideais das energias de cada Fluxo Energético. Com esses cinco processos de entendimento, estabeleceremos os princípios elaborados por Edgar Morin, para criar o pensamento complexo que associa todos esses elementos num entendimento sistêmico, que dará ao entendimento das energias uma dinâmica para os processos internos de reflexão, entendimento e criação de uma mentalidade mística. A mentalidade mística é um estado de entendimento que nos leva a níveis elevados de consciência para conexão com o Ein Sof e nossa natureza humana. Com esse capítulo, começamos a desenvolver a nossa consciência mística para estudarmos e dissecarmos a nossa própria alma.
1.        1.  O Conceito da Sefirá de Daat
Daat é a energia que faz criar a sabedoria. Biologicamente, no corpo humano, o cérebro, e mais especificamente, no córtex cerebral, é onde se acumulam as memórias. Tudo que vivemos, pensamos e sentimos fica acumulado nessa região do cérebro. E na alma? Depois que morremos, onde fica acumulado o que vivemos? É a energia de Daat que agrega tudo o que processamos. Com a inspiração em Chochmá e o direcionamento em Biná, em Daat a sabedoria é processada, guardada, armazenada, e gerada Assim, No primeiro fluxo energético representado na Árvore da Vida, o Fluxo Mental, é gerado a sabedoria e a nossa “propensão”. A propensão é o ato de atribuir atitudes ao nosso saber. Duas pessoas podem chegar a gerar uma mesma sabedoria e proporem-se a agir de forma diferente em relação a ela. É a propensão de cada um, agir positivamente ou negativamente. É a energia que acumula o livre arbítrio. Porém, a propensão depende das emoções pessoais. Logo, a Sefirá de Daat, que representa a energia do saber, tem duas funções: a) criar o equilíbrio entre a inspiração e o entendimento, b) ligar o fluxo mental aos fluxos emocionais. Daat contém duas partes distintas, O Daat Tachton, que cria a ligação entre a Mente e a Emoção, e Daat Elyon, que une as energias de Chochmá e Biná. Daat cria a sabedoria e a armazena. Quando jovem, era comum acontecer de eu pegar o carro, fazer mentalmente o trajeto e sair. Não raro, me distraia com algum pensamento e mergulhava nele. Muitas vezes chegava ao lugar onde queria, sem lembrar como cheguei lá. Isso já deve ter acontecido com vc. Nesse momento de “ausência” a ligação entre Chochmá e Biná se desfez, e o Daat Elyon a restabeleceu. Quem dirigiu o carro? Foram as energias retiradas do Ein Sof, a mente pensante interna se incumbiu de levar o carro pelo trajeto pensado. O Daat Elyon é superior tanto à Chochmá quanto à Biná. Daat é uma aptidão que flui da alma, e as capacidades da alma incluem o potencial intelectual. Ambos, inspiração e entendimento são expressos através dos processos da Mente, e isso é importante entender para quando formos analisar os pensamentos de Kant e Piaget, para encontrar na filosofia e psicologia as explicações do funcionamento da mente. Em Kant, a Razão Pura, o processo à priori de criação do conhecimento, e em Piaget, nas invariáveis funcionais, assimilação, acomodação e criação de novos esquemas mentais. A outra parte de Daat é a parte inferior da energia, A Daat Tachton. Essa energia faz com que a ligação Chochmá-Biná estabeleça uma ligação ampliada com a Emoção. É o que faz a sabedoria fluir. É o que foi escrito sobre Inteligência Emocional. Nessa ligação com os fluxos emocionais, a sabedoria criada toma espaços expandidos de expressão. È como colocar uma massa de bolo de uma forma redonda e alta numa forma estreita e larga. A sabedoria criada se expande espacialmente pelas emoções que são interiorizadas ou exteriorizadas. Podemos dizer que a sabedoria toma forma e expressão através de um fluxo emocional. Se a Daat Elyon e a Daat Tachton estão em equilíbrio e ativas, a nossa consciência tem a capacidade de expandir.  Com essa compreensão é mais fácil fazer a meditação de expansão da consciência descrita no capítulo de Chochmá. Expandir a consciência, criando vínculos espaciais cada vez mais amplos e abrangentes, criando espaço para o recebimento das energias de inspiração. Uma seqüência dessa meditação é a associação dessa expansão com as emoções. Isso canaliza o processo de expansão, dando forma e direcionamento para a consciência em direção à consciência primordial, o Ein Sof, sem precisar que Chochmá e Biná se desliguem, para criar essa conexão.  É o direcionamento de nossa consciência em direção ao infinito da sabedoria de D´us. O caminho para expandir a consciência, ampliar a noção de espaço emocional, amplitude do alcance de nosso conhecer para saber, é materializar o pensamento. Seja pelo caminho que for, o que temos mais afinidade, a pintura, a escrita, a criação musical, a poesia, seja qual for o meio de expressão, se a utilizarmos para materializar os nossos pensamentos, unindo o processo mental às emoções, estamos abrangendo um espaço maior de nossa consciência. Dessa forma, vc pode criar as suas próprias meditações, as suas própria maneiras de expandir a consciência e sentir a consciência primordial de D´us penetrar em si mesmo. O Tanya, obra da cultura judaica, iniciada pelo Rabi Shneur Zalman de Liadi, o primeiro rebe de Lubavitch, diz que o verbo em hebraico “conhecer” é também, um eufemismo para a união sexual. A união entre um homem e a mulher é um dos atos mais profundos na Criação, é uma união de duas pessoas em uma só. Quando a Bíblia (Torá) fala da união de Adão e Eva, a frase utilizada é: “...e Adão conheceu Eva”. O se apoderar de uma sabedoria é quando a direcionamos através das emoções. Todo “conhecimento” é um estado de intimidade. Na intimidade entre um homem e uma mulher sentimo-nos mais próximos um do outro. Quando vc conhece profundamente algo, esse algo acaba fazendo parte de você, e vc faz parte dele. É o que sentimos na intimidade com alguém, nos sentimos fazer parte dessa pessoa. Na intimidade com alguém, um se sente dentro do outro, e assim no conhecimento, nos sentimos mergulhados no conhecimento e sentimos o conhecimento dentro de nós. A sabedoria está criada. O Rabi Shneur Zalman chama isso de “prodigiosa união”,  incomparável a qualquer outra experiência. Essa é uma experiência mística, o estado místico da perda da identidade como “distintivo” de “eu”, fundindo-se com o estado experimental do divino em nós mesmos. Como em Daat a experiência de criar e direcionar o conhecimento para uma percepção mais profunda, o Tanya diz que quanto mais profunda a percepção, mais profundo o sentimento concomitante. Assim, a expansão da consciência, da percepção, também é uma expansão da percepção de nossos sentimentos e emoções. È uma expansão para o exterior, acompanhada de uma expansão para o interior.  Esse processo é o caminho para a crença incondicional.  A colocação do Tefilin (filactérios mencionado na Torá, como mandamento diário), é o ato de lembrar-se diariamente das energias de Daat. O Tefilin, que é uma palavra hebraica no plural, está composto por dois artefatos, um colocado na cabeça, representando a mente, o outro no braço esquerdo junto ao coração, representando a emoção. O Tefilin une a mente ao coração. O Tefilin da cabeça a envolve como uma coroa e tem duas tiras de couro saindo ao longo do corpo. O Tefilin que representa e energia emocional é colocada no braço direito junto ao coração, e o trançar das tiras de couro, faz o Shin se formar no bíceps, que é a força, os sete dias da semana que são as voltas com a tira de couro no ante braço e a palavra Shadai, nome de D´us, sendo formada na mão. É a força da energia das emoções ao longo dos sete dias da semana (excluindo a colocação no sábado), alcançando D´us através das nossas atitudes, na mão. Assim, Daat, e em especial o Daat Elyon, é expresso pela colocação do Tefilin (derivada da palavra Tefilá, que significa oração). 
O 2.  Caminho entre Chochmá e Daat – A letra hebraica Shin
  O valor numérico de Shin é 300. É três vezes a letra Kuph de valor 100, que representa a santidade. Tem como significados, o elemento fogo da natureza, paz e completude (shalom), suficiência e mudança (shadai), alegria (shimcha, com som de “c”). A vivência de Shin é o vivenciar o shalom (paz), mesmo em meio à mudança. Exercitar a satisfação, preencher-se com o que basta. Cultivar a alegria. A sombra, ou o lado escuro, é o consumir ou ser consumido pelas shamas da raiva, da cobiça, do ciúme, dos sentimentos negativos. A reflexão em Shin nos leva a elevar o grau de alegria que experimentamos na vida. Na colocação do Tefilin, escrevemos com as tiras de couro a letra Shin e o nome de D´us Shadai.
O Shin é a letra Esh, “fogo”. O Sefer Yetzirá, O lIvro da Criação escrito por Abraão, descreve o Shin como uma das “três letras-mães” do abecedário hebraico (ou Aleph Beit). As outras letras-mães são o Aleph para formar a palavra esh, assim como o fogo se combina com o ar para queimar. Aleph é o elemento ar. As extremidades dos três braços erguidos do Shin são as chamas do fogo santo, e o som do Shin é o crepitar de uma chama. A palavra Shemesh, “sol”, começa e termina com Shin. O Shin inicia também sh´viv, “centelha”, shalhevet, “chama” e sharav, “calor”. O Shin inicia a palavra Shalom, que é um dos 72 nomes de D´us, comunica vários significados, e entre eles paz, completude, plenitude, consumação, força, segurança, saúde, pureza, integridade e perfeição.
Um outro nome de Dús, é shadai, que começa com Shin, vindo das raízes Shad, “mama” e Daí, “suficiente”. O leite das mamas das ovelhas e cabras era a própria subsistência davida dos hebreus nômades. Shadai, como nome de D´us, representa, portanto, uma força vivificante feminina antiga e primal. D´us é a fonte de alimento cuja suficiência permeia e nutre toda a vida.
O Shin e a palavra Shana, “ano”, derivam ambos da raiz hebraica Shina, “mudança”. O ano pode ser descrito como um processo contínuo de mudança e o Shin é seu símbolo. O ano é um período de mudanças na natureza, e esse período é repetido continuamente. Pontuando o ano, a cada sete dias, há um Shabat. O Shabat (sábado, dia sagrado para o descanso), é o dia resrevado, em meio à mudança, para se experimentar e comemorar a suficiência. No Shabat acolhemos em nossa vida a Shechina, a rainha do Shabat, o aspecto feminino de D´us. Infundindo sua energia poderosa nas palavras Shalom, Shadai, shabat e Sechina, o Shin inicia também a mais feliz das palavras hebraicas: Shimcha, “alegria”.
O Shin representa o caminho de Chochmá para Biná, a inspiração em direção ao entendimento. Então esse caminho para ser vivido da maneira mais integral e completa, deve ser sentido com o significado de Shin, com força, alegria e completitude. Com essas energias vitais a conexão entre inspiração e entendimento se dá da forma mais completa, e o mais importante, criando a propensão para o bem. O Shin pode ser “lido” como a junção de um Vav (valor 6), e dois Zain (valor 7), cuja soma é 20, resultando no numero 2, que é a letra Beith (valor dois). A letra Beith representa a Sefirá de Biná. Assim, o Shin transforma o Aleph de Chocmá em Beith de Biná.
Na continuação desse capítulo abordaremos os três próximos itens de análise de Daat.